sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O PESO DA RACIONALIDADE

Algumas vezes
Somos ágeis e saudáveis
Como gazelas.
Noutras frágeis
Como donzelas,
Como folhas ao vento.

A vida com seus contratempos...
Ora indigesta,
Embora as festas
Que inventamos,
Embora os planos
A ilusão de comando.

Queria não ter conhecimento dos fatos,
Dos rumos dos acontecimentos.
Indiferente no pasto
Feito o gado ruminando o tempo.

14.01.2003

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MEU HUMILDE AMIGO

Francis Jammes

Meu cão fiel, humilde amigo, sucumbiste
Sob a mesa, fugindo à morte como à vespa
Tu fugias em vida. Ali tua cabeça
Voltaste para mim no passo breve e triste.

Companheiro banal do homem, tu que em teus dias
No que falta ao teu dono achas o que te baste,
Ó ser bendito que a jornada acompanhaste
Do arcanjo Rafael e do jovem Tobias...

Tal como um santo ama ao seu Deus, num grande exemplo
Amaste-me também, ó servo verdadeiro!
O mistério de tua obscura inteligência
Vive num paraíso inocente e fagueiro.

Ah se de vós, meu Deus, a graça eu alcançasse
De face a face vos olhar na eternidade,
Fazei que um pobre cão contemple face a face
Quem para ele foi um deus na humanidade.

Tradução de Manuel Bandeira

sábado, 4 de fevereiro de 2012

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,
De tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes
Nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.

Rui Barbosa