sexta-feira, 19 de julho de 2013

Jaz a Paz

A paz às vezes é uma coisa pastosa,
Que engrossa cada vez mais.
Tanto sossego, às vezes, dá medo.
Até os mortos descansam em paz.
Vai entender... Às vezes o perigo
Nos torna mais vivos,
Nos sacode a poeira
De cotidiana pasmaceira.
Paz de mais mata de tédio,
Tira o gosto da vida.
Tira tanto quanto os desgostos
Que antes desgostavam a vida.

Fábio Murilo, 02.05.2010






43 comentários:

Fred Caju disse...

Vinha até com esse na cabeça essa semana: http://cronisias.blogspot.com.br/2013/07/blog-post_18.html

Fábio Murilo disse...

Legal Fred! Obrigado.

Jota Effe Esse disse...

"Até os mortos descansam em paz"? Não nos cemitérios do Rio, onde seus espaços, nos quais pretendiam descansar eternamente, são vendidos pra outros. Durma-se com um barulho desses! Meu abraço.

Fábio Murilo disse...

Pois é JFS, até eles tem um preço e nenhum apreço.

Laura Santos disse...

Gosto muito da sua poesia, pela forma leve e pelo conteúdo profundo.
A "paz" é por vezes podre, uma quietude de estagnação. A paz "pastosa" como você diz, cola-nos ao chão, deixa-nos parados, sem ousar...
Pior que ter um desgosto é nunca ter gostado. A paz só pode vir depois de uma boa "refrega"...:-)
Gostei muito.

Fábio Murilo disse...

“Pior que ter um desgosto é nunca ter gostado, bela frase”. Minha mãe, que Deus a tenha, dizia algo parecido: ”É melhor um gosto que um desgosto”, se bem que mais num sentido irônico, quando se estava sofrendo a conseqüência de algum excesso. Obrigadíssimo Laura!

Samuel Balbinot disse...

Boa tarde Fábio.. um titulo inspirador e uma poesia primorosa tb.. o titulo me remete a escrever coisas mais digamos voltadas a morte que todos temem.. mas que amo falar daquela que é a maior de todas as mentiras.. abração amigo.. lindo dia

Fábio Murilo disse...

Sinto-me desconfortável com o tema, na realidade. Mas penso muito nela, não como uma obsessão mórbida, mas como um termômetro, um parâmetro que eu me baseio para viver intensamente cada segundo, valorizar o ar que respiro, o por de sol, a chuva, as pessoas, a saúde... Valorizar o precioso tempo, as amizades, e buscar sempre mais qualidade de vida. “... a morte contra quem vivo”- diz Vinicius. Obrigado Samuel, boa tarde.

Aline disse...

É que queremos ver nossa vida em movimento constante! E nem sempre isso é possível na paz!

Aline disse...

Ou melhor, é justamente esse movimento que nos torna vivos... Se não, como você diz "Até os mortos descansam em paz"...

Mari Mari disse...

A tristeza, quando na medida, é vantajosa. A sensibilidade da arte pede certa melancolia. Eu mesma, costumo preferir um dia em que algo ruim acontece, do que um dia em que não acontece nada. O tédio é meu pior castigo. Não sou lá grande fã da paz. Arte e amor, pode ser?

Mari Mari disse...

Na verdade... Eu acho que depende do morto. Rs

Fábio Murilo disse...

Tipo, é comum as pessoas, ao se aposentam, caírem nessa armadilha, conheço vários casos. De repente deixam uma vida produtivamente ativa, e com o passar dos dias se vêem subitamente, no mais extremada ociosidade. E desenvolverem com passar do tempo, se não ocupam sua mente e corpo com outra atividade, ironia, doenças psicossomáticas, e literalmente morrerem de tédio. No extremo da tranqüilidade.

Fábio Murilo disse...

Eita menina! (rs...) Justamente Aline paz por paz, vida é movimento.

Fábio Murilo disse...

"A tristeza é senhora,
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura,
a noite e a chuva que cai lá fora"

(Caetano Veloso)

Então, Corpse, vida é equilíbrio. Ruim é viver de extremos.

Claudinha Santos disse...

Fábio, vc é divino escrevendo... até nos comentários, sempre tão expressivos. Obrigada por suas visitas aos meus blogs.

bjs
Ainda espero ler mais e mais poesias suas.

Fábio Murilo disse...

Oxe! De nada Claudinha. Eu é que te agradeço. :-)

Bandys disse...

Bela definição de paz. eu nunca qui a paz total, só um pouquinho dela, e em certos momentos tambem, naqueles momentos doces onde a paz nem é branca;
Beijos menino poeta
PS só vi seu comentario hoje tava no de baixo.☺

Fábio Murilo disse...

Sua paz é colorida, Garota Dourada.

Dan André disse...

O que adianta morrer pela paz, se os que ficam fazem guerra?
A paz completa é uma utopia. Gostei muito meu amigo!
Parabéns!
Dan.

http://gagopoetico.blogspot.com.br/

Fábio Murilo disse...

Estamos em paz e fabricando armas, sempre na eminência de uma guerra, paz armada. Obrigado Daniel.

Mente Hiperativa disse...

De fato não há nada tão chato quanto o tédio, talvez por eu ser uma pessoa muito hiperativa e pensante incorrigível eu jamais consigo ficar parado. Também não gosto da rotina, da previsibilidade das coisas, prefiro que mudem, que me surpreendam, que exijam de mim alguma providência, que me arranquem sorrisos. Ou lágrimas.

Eu sei que a paz é tranquila e necessária, mas só por alguns momentos já basta, podemos voltar do recreio e retomar a vida conturbada e repleta de desafios. Bom mesmo é ter desafios na vida, a paz deixemos pra os mortos. Grande abraço.

Fábio Murilo disse...

Sem comentários. Não me atrevo a colocar uma vírgula relacionada ao texto Mente Hiperativa, você foi brilhante.

Felisberto T. Nagata disse...

Olá!Boa noite
Fábio
A questão da medida é muito relativa. Tudo demais cansa, Paz demais cansa. Entretanto, o sabor da paz está sempre na medida certa em razão da guerra ser possível.
Agradecendo a visita e retribuindo
Abraços

Vanessa M. disse...

A Paz parece ser apenas um conceito superficial, visto que ela nunca existirá plena e completamente.. não neste mundo, onde reina o caos e o ódio.. E as pessoas parecem ser incapazes de coexistir com suas diferenças, e de viverem em paz entre si.
Mas, vendo a Paz como algo que remete à quietude, ao sossego e ao tédio, devo concordar com seu ponto de vista.. um pouco de agito e de perigo nos torna mais vivos! rs Também não gosto de me sentir entediada,.. e quem gosta? Nossas vidas, se fossem consumidas por tal calmaria, seriam desprovidas de emoções.
Gostei muito do poema ^^

Tenha uma ótima semana!
Um abraço.

Fábio Murilo disse...

Obrigado Luiza por tão entusiasmada opinião, isso me gratifica e motiva imensamente. Adoro fazer e receber visitas, me aguarde com certeza, passo já no seu blog.

Fábio Murilo disse...

Interessante, particularmente me referi a paz, tranqüilidade enquanto indivíduos. Você generalizou e ponderou: "É melhor um (paz)sáro na mão que dois voando", na dúvida... É um posicionamento. Obrigado pela contribuição Felisberto.

Fábio Murilo disse...

Você disse tudo Vane. Achei perfeita em seus comentários. Nada mais a acrescentar, só agradecer.

Tainá Oliveira disse...

Oi Fábio, concordo com o título do seu blog. E com o texto belíssimo que acabo de ler. Conversava hoje com uma amiga, sobre o quanto estar em paz me amedronta, eu gosto é do estrago. Até mesmo a dor é uma prova de que estamos vivos. A apatia, a calmaria, e o tédio me matam. Antes levar todos os sustos do mundo, do que ser arrastado pela vida! Adorei o seu cantinho, e seus comentários, e seus textos. Eu também escrevo (ou tento), e te convido a me visitar quando puder. Te espero.

Um super beijo,
http://venenosemacas.blogspot.com.br/

Daniel Simões disse...

Simplesmente perfeito!

Danlirando.blogspot.com.br

Fábio Murilo disse...

Concordo com cada palavra, cada vírgula, cada acento. Incrível a similaridade da nossa visão de mundo e realidade. Penso, falo e me preocupo com isso toda hora. Como valorizar cada momento do precioso tempo, conquistar mais qualidade de vida. Há os que só existem, mas não vivem, que já se foram antes do fim. Você escreve é muitíssimo bem! Obrigado pelas palavras elogiosas e pelo carinho Tainá.

Fábio Murilo disse...

Obrigado Daniel. Muito amável.

Fábio Murilo disse...

Luiza não sabe o que está acontecendo, quando chega na hora de publicar meu comentário, naquela parte, de utilidade duvidosa: “Prove que você não é um robô...” Tá dando erro. Não está abrindo o quadro completamente, prá eu colocar os códigos exigidos: números e letras, você ta entendendo? Tentei mais de uma vez e nada. Vou continuar tentando se puder me passar seu E-mail, caso eu não consiga. Que chato, adorei seus textos. Ia deixar o seguinte comentário sobre um deles: RE-COMEÇAR: “Não será que você tá simplesmente passando pela chamada Crise de Identidade, Luiza. Você escreve muito bem. Adoro esses assuntos existenciais e uma boa interação. Entendi agora a familiaridade que existe entre a gente. Realmente!”

Unknown disse...

Uau, essa é a primeira experiência que tenho com sua poesia, com o seu blog, e realmente gostei muito, você possui um talento incrível!
Pensei em várias interpretações para o seu poema.. Não se qual é a original, mas de certa forma, pude perceber aí um teor de crítica à nossa sociedade que, simplesmente, não aceita a calma e a quietitude da paz. A paz não dá lucro, não dá audiência, não condiz com o trabalho... Olha, simplesmente genial.
Gostei realmente do blog, já estou seguindo!
Se quiser conhecer o meu, será sempre bem vindo!

Abraços!

http://pecasdeoito.blogspot.com.br/

Jorge Leandro Carneiro disse...

Suas palavras definiram o excesso de paz e de tédio no qual tenho vivido os últimos meses.

Fábio Murilo disse...

São as contingências da vida Jorge. Independem (ou dependem?) de nós. Obrigado pela gentil visita.

Fábio Murilo disse...

Na arte de um modo geral, pintura, poesia... Ou quem acha que ta fazendo algo parecido feito eu, digo-lhe de antemão, toda interpretação é valida e todos têm razão, na sua visão particular. Arte é sensação, é a leitura dos sentidos, muito particular, arte é a coisa mais democrática que existe, dai sua beleza, arte não se explica, pelo menos é o que tenho ouvido de quem entende. Mas, considero Diego que a sociedade não ta nem ai pro nosso comodismo, com nossa inércia, com nossa quietude, isso até lhe é favorável, proveitoso. Um bando de cordeiros/consumi(dores) ordeiros e pacíficos dá um lucro danado. Salve esses últimos acontecimentos em nosso pais, dos que não se contentaram em assistir a vida passar da janela, e cansaram de tanta passividade e foram as ruas se tornarem também coadjuvantes da historia. Donos de seu destino. Obrigado Poetamigo pela participação.

Antônio LaCarne disse...

adorei o teu poema, Fábio.

Fábio Murilo disse...

Obrigado, sempre gentil Antônio.

Nato disse...

A paz, por muitas vezes é inimiga do criativo, porque sem a bagunça, sem o caos e sem os giros e as descidas na montanha russa da vida, não há emoção, e sem tudo isso não há criação... Vale a pena viver uma vida sem emoção?
Revoltou-se com a paz.
Tu és ótimo poeta.
Abraço!

Fábio Murilo disse...

Pois é, ou se morre de tédio ou se vive estressado, boa Nato. Obrigado pelos sempre oportunos comentários e gentis elogios.

Larissa Bello disse...

A vida se faz, e se aprende, entre os conflitos. Buscamos a paz para que novamente surjam os conflitos e possamos aprender ainda mais.

Bjos!

Fábio Murilo disse...

Somos movidos pelos desejos. Somos eternos insatisfeitos. Bonita e confortadora essa concepção da vida como uma escola Larissa, onde tudo faz sentido. Sempre sabia, muito obrigado por mais esse aprendizado.

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