sexta-feira, 26 de julho de 2013

Poema da Ternura Culpada

Desculpe o tédio que se acumula;
O lodo abissal que se enrama;
A ilusão, errônea, de quem ama
E tanto confia na chama,
Cada vez mais branda,
Na cama de todo dia...
A candura que não perdura;
O hábito que criou mau hálito;
O príncipe que virou sapo,
A cinderela que perdeu o encanto,
O conto de fada, que agora enfada.

Fábio Murilo, 29.10.97

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Jaz a Paz

A paz às vezes é uma coisa pastosa,
Que engrossa cada vez mais.
Tanto sossego, às vezes, dá medo.
Até os mortos descansam em paz.
Vai entender... Às vezes o perigo
Nos torna mais vivos,
Nos sacode a poeira
De cotidiana pasmaceira.
Paz de mais mata de tédio,
Tira o gosto da vida.
Tira tanto quanto os desgostos
Que antes desgostavam a vida.

Fábio Murilo, 02.05.2010






Apresentação Soneto de Fidelidade em Libras

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Da Janela do Escritório

Já não olho com olhos de encantamento
Aquela pipa ao vento como antes eu fazia.
Num tempo em que o tempo passava lento
E a vida era só entretenimento.
E o azul do céu era o pano de fundo,
Cenário de outros mundos...
Acordava e dormia sem saber de horário.
E no meu calendário só havia um dia,
O dia do meu aniversário.
Sem ambição, nem malícia, puro de coração.
Sem pensar no futuro.
Viver era uma doce inconsequência,
Consequência da falta de noção,
Do “stand by” da percepção.

05.08.2002

Filósofo da Rua - Eduardo Marinho

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Cinderela Contemporânea

Sempre em evidência,
Como um pedaço de carne
Pendurada no açougue
Ou uma bijuteria barata,
Ela sonha em viver à sombra
De algum magnata,
Como uma planta trepadeira
Ou um verme parasita.

Fascinada,
Como um inseto ao redor
Da lâmpada.