Dá-me um pouco de tua
tranquilidade,
Do pouso suave de teus pássaros,
Teus passos indeléveis, tão
leves,
Teus pés descalços na areia
branca.
Frágil é minha paz, inconsolável,
É meu desassossego, meu medo.
Medo do destino, da solidão,
Medo de mim mesmo,
Dos fantasmas da minha insegurança.
Penetra comigo na grande
noite,
No vale de todos os perigos.
Certeza só de ida, não de chegada.
Chegar deve ser triste,
O fim de todos os caminhos,
O ninho, a certeza, o vazio.
Bom é a caminhada, o
improviso.
A vida sem dias, nem hora
marcada,
Sem calendários, nem avisos.
Um grande banquete ao ar
livre,
Um passeio público, lúdico.
Deslizando distraidamente
Na superfície dos segundos,
Sem ontem, nem amanhã.
Capturar cada cheiro,
Cada cor, cada brilho,
Cada resquício de prazer,
Cada indício de bem estar...
E o que tiver de ser, será.
Fábio Murilo, 21.11.2014