Os
anos estão passando...
Já não tenho mais pressa em viver.
A ânsia inconsequente de adolescente,
E as ilusões de rapaz,
Agora jaz, na maturidade.
Sinto-me inconveniente
Como uma nódoa no pano estampado.
Inadequado como um gado,
No centro da cidade.
A flor dos meus valores
Restou abandonada na calçada,
Sem nenhum odor num fim de tarde.
Hoje, atento a cada segundo,
Vivo como não tivesse mais tempo
E tenho todo tempo do mundo.
Fábio Murilo, 14.10.2011
Já não tenho mais pressa em viver.
A ânsia inconsequente de adolescente,
E as ilusões de rapaz,
Agora jaz, na maturidade.
Sinto-me inconveniente
Como uma nódoa no pano estampado.
Inadequado como um gado,
No centro da cidade.
A flor dos meus valores
Restou abandonada na calçada,
Sem nenhum odor num fim de tarde.
Hoje, atento a cada segundo,
Vivo como não tivesse mais tempo
E tenho todo tempo do mundo.
Fábio Murilo, 14.10.2011
33 comentários:
Boa noite Fábio Murilo
O teu poema é simplesmente fantástico... Tem alguns pontos onde em identifico.
Adorei
Beijo
Bom fim de semana.
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Obrigado Cidália, bom quando o texto consegue isso, essa identificação.
Maravilhoso! Digno de um grande poeta.
Parabéns, Fábio, pois tuas letras cantaram à minha alma.
Um abraço.
Fábio:
Quando criança, queremos a adolescência como a idade dos sonhos; quando adolescente queremos a maturidade como a liberdade para nossos atos; quando maduros vivemos felizes até que, chega um dia em que sonhamos com a infância ingênua e sem muito mais a pedir, porque a maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade que tinha quando era menino.
Beijo!
Quem está na idade madura decerto já se sentiu assim. É curioso que na adolescência achamos que o tempo anda muito devagar, queremos chegar à idade adulta porque lá é que parece estar tudo, achamos que todos os sonhos são possíveis, que o mundo está lá à frente à nossa espera.
Quando atingimos a idade adulta poderemos até concretizar alguns dos sonhos, mas achamos que o tempo começa a correr demasiado depressa, e a vida mostra-se para connosco caprichosa, não nos concedendo o que desejáramos.
Chega a uma altura da vida em que "todo o tempo do mundo" já não serve de consolo em relação à flor que desejaríamos ter transportado connosco. A idade madura, embora possa ter grandes aspectos positivos, avisa-nos que o desabrochar, o florir, e o fruto que amadurece tem sempre mais beleza que o "cair de maduro"...:-))
Mas a vida é bela!!...Gostei muito, Fábio
xx
Certamente, Marcos, Obrigado.
Que bom quando isso acontece, missão cumprida.
"porque a maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade que tinha quando era menino. Muito bom! Disse tudo e mais alguma coisa Tais. Obrigado.
Perfeita, Laura. Obrigado.
Bom dia Fábio.. gostei muito do último verso.. um pensar muito bom mostrando a maturidade do mesmo e de como a vida deve ser vista.. abraços
É isso ai Samuel, abraços amigo.
A vida passa por nós tão velozmente que é imperioso apreciarmos ao máximo cada bom momento que ela nos vai oferecendo, logo vira passado. Belissimo poema.
beijinhos
Maria
Os jovens vivem como se fossem existir para sempre. Olhando as coisas de certa altura da vida, acho imperioso vive-la a todo custo, a todo susto, não se prender a certas convenções inúteis, a certos modelos pre-fabricados de comportamento. Ruim é ficar frustado, é querer viver depois e não poder mais.
Atento a cada segundo, ai esta um motivo para orgulho o resto é resto o que passou é resto e o que esta por vir também é resto!!
Bjskss
É isso ai, poetisa Enide! Ouvindo musicas 80's nesse momento. rs... Beijos!
Descubro que estou "envelhecendo" quando troco programações de beber/dançar por sushi/pizzaria.
Abraço
Como seria maravilhoso ter a certeza de ter todo o tempo do mundo aliada a vontade de fazer muita coisa, com a calma da maturidade e todas as experiências vividas servindo de moderador.
Beijos menino, que lindos ver!
Aproveito a agradeço sua visita.
Que belas palavras, Fábio!
Fizeste uma perfeita reflexão sobre este receio que todos nós temos, ou teremos em breve.. Estamos sempre à procura de novos dias no horizonte, enquanto o tempo passa incessante diante de nossos olhos. De qualquer modo, o que nos resta fazer é aproveitar cada momento, nunca se sabe quando não haverá o amanhã..
Um grande abraço
Talvez seja só interesses referente cada idade, só isso. Obrigado.
É, dizem que o problema é esse. Obrigado Wall Nunes.
Muito interessante a observação que fez Vane. Vivemos sempre procurando, como falou, "novos dias no horizonte", enquanto o tempo vai passando, inexorável. Vivo fazendo isso, sempre insatisfeito. Obrigado.
sempre tive o delírio de escrever um poema completo por todos os lados e que acontece quando não somos nos a escrever ou estarmos por perto ou distante [tanto faz as topologias]... gostei do modo como pensa a vida não apenas minha, sua, o que o sujeito sempre limita... assim acontecemos "como uma aurora boreal,\ No teu quintal, de madrugada." ninguem dá a mininma para auroras no quintal alheio às madrugadas - e mesmo que que não haja ninguem la - sabes preservar esta possibilidade forte e ao mesmo tempo tão frágil em nossa percepção.
um abraço
muriloscópio com magnitude, o homo faber por ramonlvdiaz
submerge enquanto disputam o flash,
so ergue gentil, tanto quanto perde
teu projétil que dissipa desencanto
que amanhece a luz qualquer reverso
lado sem apetite de opostos e pathos;
da vida que tão cedo, começa tarde...
e o entardecer que nunca nos cansa
porque não há virtude na velocidade
nem a juventude ser a consequência
no jovem, o que no futuro e passado
que nunca se fecha [de que serveria?]
neste claro de definição sem gente
por perto e a solidão bem pavimentada
que não soube refringir e quebrar-se
vária pela estrada - entretravada -
estratosfera que a tua mão alcança
não treme tudo aquilo que se escapa
rastros não são o que restar do corpo
é teu vestígio esparso mesmo sem a
tua presença: as tuas lágrimas seguem
[e se fabricam]
Oh!!!... Rs... Obrigado!
Meu poeta, estranho quando se lê algo e ao mesmo tempo a leitura vai te dizendo que é um espelho...como sempre belo um poema, mas maturidade, a que busco, a que estou me tornando está apagando minhas corers de um já distante juventude:
"Sinto-me inconveniente
Como uma nódoa no pano estampado.
Inadequado como um gado,
No centro da cidade"
Eis-me aqui, nestes versos, a princípio quis chorar, mas não há o que fazer, também cheguei num ponto que respirar, viver, passar está se tornando rotina, o que é horrível, mas:
Os anos estão passando...
Já não tenho mais pressa em viver.
Obriga meu poeta por mais uma luz sobre a sombra de minha existência.
ps. Carinho respeito e abraço.
De nada Jair, que bom que meu despretensioso poema tenha servido-lhe de alento. Obrigado pela visita.
Sempre com belos poemas.Fábio,também me sinto assim,e olha que nem me considera madura a tal ponto,é que as coisas estão cada vez mais depressa mesmo.
Beijos.
A vida nos obriga a amadurecer antes do tempo. Obrigado, Menina.
Ah, belo retrato do que é a maturidade, ou como escreveu Carlos Drummond de Andrade: "nos tempos de madureza.".
Bom, talvez eu ainda seja afobado, pela juventude. Ah, mas como é belo ler sob a ótica de olhos maduros. Lindo ver a calma e o quanto se pode desfrutar da vida.
Sempre ótimo.
Também devemos evitar os extremos. Nem mais nem menos, o meio. Ou se morre de teio ou se vive estressando. Obrigado.
Se você for em meu blog agorinha, terá uma postagem típica de quem está com pressa das coisas da vida, com medo do por vir. Medo de tudo der errado.
Espero uma dia chegar na sua maturidade com essa tranquilidade.
Oh Sr.ª Nathalia, vi seu recadinho só agora, me desculpe. Vou lá imediatamente!
"Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo
[...]
Somos tão jovens"
- Uma pequena correção: no penúltimo verso você diz "estivesse" (verbo estar) quando o correto seria "tivesse" (verbo ter).
É, outra poetisa também lembrou essa musica de Renato Russo, a ideia é essa, alias adoro! Pronto corrigido! Ficou até melhor. obrigado André.
Postar um comentário