Talvez eu quisesse apenas
Ter os
dedos calejados e rudes,
Pela faina diária no trato da terra
Em algum lugar distante.
Pela faina diária no trato da terra
Em algum lugar distante.
Ignorante
de toda ciência...
Sem ao menos um rádio de pilha;
Da cidade muitas milhas.
Sem ao menos um rádio de pilha;
Da cidade muitas milhas.
Ouvindo só o mungido do gado;
Dormir acalentado
Pelo coaxar dos sapos
Sob as
luzes dos pirilampos.
Acordar
com o canto dos galos
Anunciando
a alvorada
De
canto a canto.
Como
um bicho brabo no cercado
Olhar
conformado o limitado espaço
Sem
susto, nem espanto.
Como
que anestesiado, viver recatado,
Na monotonia
do meu recanto.
Fábio Murilo, 12.09.2002
46 comentários:
Frequentemente penso nisso Fábio, e gosto de imaginar como seria uma vida assim... Não sei se é possível pra quem já viveu na cidade por tanto tempo, mas é bom imaginar que seja possível. Abraço
Em muitos dias tenho esse querer. Mas
parece não ter mais algo ou um lugar . Mesmo assim, meus pensamentos
levariam todas suas malas cheias de inquietações.
A quanto tempo, Rapaz! É essa é uma fantasia corriqueira, nossas Passargadas, nossas utopias. Bem pensado, para nos urbanoides seria possível viver assim? Compus num momento de tensão e preocupações existenciais e urbanas, pequeno devaneio. Apareça mais vezes e abrilhantei esse nosso espaço com seus comentários cultos e inteligentes. Obrigado.
Que lindo o que disse menina! Você comentou poetisando, notou? Obrigado.
Bom dia Fábio.. não é diferente do que penso.. gostaria dum cantinho tipo a casa do Hagrid do harry potter.. ainda terei algo daquele tipo.. muito belos os teus versos.. lindo dia
Eita vida boa! Mas, a alma é inquieta, indomável, insaciável e quer muito mais...
Fábio, beijo e bom dia!
Existem monotonias boas. Eu quereria tudo isso, mas levaria o rádio a pilhas e a sensação de um espaço ilimitado. Eu gostaria de uma monotonia assim...:-) Dispensava de bom grado o rebuliço das grandes cidades. A questão é que eu quero isso quando já conheço o oposto...Será que o quereria se tivesse vivido sempre assim?...
Buscamos a paz fora de nós, o que pode ajudar muito, mas a paz só pode mesmo ser encontrada dentro de nós.
Um dos teus grandes poemas; com um belo sabor a longe.
xx
Bom Dia Samuel, obrigado pela visita.
Também, rs... Só eu mesmo Shirley, sou o estresse em pessoa, agora mesmo enquanto digito estou estressado. Talvez aguentasse nessa paisagem bucólica uma semana, no máximo. No dia que compus desejei um pouco, aqui na cidade tudo é tão complicado, só isso. Obrigado.
Boa noite, Fábio. Talvez esse querer solitário fizesse bem por uns momentos, mas não para sempre.
Todos nós precisamos sair da solidão do mato, não apenas olhar as estrelas e conversar com os animais, precisamos de gente ao nosso lado, mas pessoas que se doem, se entreguem, e conosco possam fazer uma história acontecer.
A rebeldia e o isolamento não são soluções para problema algum nessa nossa existência conturbada.
Muito bom o poema!
Parabéns.
Tenha um fim de semana de paz!
Beijos na alma!
Olá Fábio!
Cheguei aqui, através do blogue da Laura Santos. E não pude deixar de me impressionar com o tamanho da tua alma e com a imensidão da tua poesia.
O nosso espaço é ilimitado, pelo sentir do nosso coração e pelo que os nossos olhos conseguem vislumbrar no horizonte. Temos espaço que não acaba nunca.
No bulício das cidades o teu espaço fica confinado, a tua liberdade comprometida, os teus sentimentos baralhados, e, torna-se muito mais difícil olhares para dentro de ti e expandires-te...
Crê-me que te digo a verdade. Não imaginas como seria precioso para mim ,ter esse contacto com a natureza, com o que é puro, com o que é real...
Adorei este espaço que partilhas e vou juntar-me aos teus seguidores.
Abraço
Pois é, Patricia, talvez. Mas tudo é questão de costume. Quem já nasceu na roça, não olha esse ambiente com tanta estranheza. Obrigado pela visita.
Olá, Cristina. Veio através da querida poetisa Laura Santos, que bom, sinto-me honrado. Obrigado pelo precioso comentário e gentileza da visita.
Será Laura que a monotonia é boa? Só se fosse anestesiado, rs... Interessante sua colocação, me lembrou um documentário sobre uma ilha nossa, Fernando de Noronha, considerada por nos do continente um paraíso, onde alguns ilhéus entrevistados diziam já não aguentar tanta tranquilidade. Sonhavam com o continente, shoppings, cinemas, clubes e tanta outras comodidades.
Como eu queria um pouco do que você escreveu. Confesso não saber como viver nessa atmosfera por mais de uns meses, gosto de pessoas. E partindo do seu belíssimo poema (muito belo realmente, meu caro) eu idealizaria levar mais algumas coisa e algumas pessoas. u.u Posso né?
Bom dia Fábio
Maravilhosa poesia, adorei
Tenha um optimo Domingo
Beijos
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Querido acho que todos quer uma vida
dessa, mas sair da solidão é viver melhor
Gostei já sou sua fã
ღღ¸╭•⊰✿¸.•*ღ ღ¸╭•⊰✿¸.•*
Tenha um domingo feliz
bjusss
Rita!!!
Claro, claro, Nato, pode levar quem queira para preencher o paraíso. Obrigado.
Bom Dia, Cidália! Ótimo domingo pra você também! Obrigado!
Pode ser Rita, acho insuportável a solidão, mas há os que aparentemente conseguem, não sei como. Beijos!
Adorei o seu poema, hoje vi-me nele, também eu estava precisando de um lugar assim, sem stress, sem corridas, apenas estando em plena sintonia com a natureza. Obrigado por este momento.
Beijinhos
Maria
Perfeito, Maria Rodrigues, estava exatamente assim quando me ocorreu a inspiração. Sentiu o drama? rs... Eu que agradeço, beijos!!!
Mas é claro que temos momentos na vida que a vontade é seguir seu poema, ficar em contato com a natureza, numa casa de campo, com a certeza de paz, nos limites do corpo e nada mais! “Uma casa de campo”, cantada pela Elis Regina, lembra?
Renovar energia, esquecer da cidade, dos incômodos, do estresse, das farpas e sentir verdadeiramente a vida. Tudo isso, a meu ver, esse contato saudável com a terra, com os animais e o afastamento da cidade, ficando em nosso recanto... é só lucro!
Belo poema, menino de ouro!
Beijo.
Pois é, Tais Luso, eu tava só esperando que alguém citasse essa famosa musica cantada pela Elis Regina, um clássico da MPB. Embora eu seja essencialmente urbano, faria muito bem, com certeza, esse contato. Beijos!
Olá meu poeta e amigo Fabio Murilo, faz algum tempo estava eu e um amigo nos tempos da faculdade nos queixando da falta que tinhamos, falta mesmo, falta de dinheiro e as vontade de ter as tecnologias que estavam aí, e nós sem nenhum, então vinham horas bucólicas e desejavamos ser este teu poema..."Ignorante de toda ciência..."
Ocorreu com outra amiga também, a necessidade de não termos consciência, querer-mos a ignorância para ser feliz, como achávamos que eram os 'alienados', mas logo ficávamos só na canção mesmo, de preferência cantada pela Elis...foram dois momentos que teu poema me trouxe, lembrei de duas pessoas incríveis na minha vida, e só queríamos ser telúricos rs. Obrigado por mais uma pérola de poesia, que me faz tão bem.
ps. Meu carinho meu respeito e meu abraço.
Oi, Jair, que bom que o poema lhe fez reportar a esses momentos. Good Times. Legal! Obrigado.
ô coisa boa. O sol é para as flores o que os sorrisos são para a humanidade.
Assim são as suas poesias no inverso.
Beijos
Notei que anda bastante inspirada, Garota, tô gostando.
Lindíssimo.
Eu sou de Portugal e fico sempre feliz quando vejo o carinho que o povo brasileiro tem por Fernando Pessoa (que vi na sua descrição). :)
Adoro, Mark! É o meu poeta preferido. Aqui temos grandes poetas como Carlos Drummond de Andrade, o peota brasileiro que mais goza minha predileção e o meu conterrâneo Manuel Bandeira, do movimento Modernista. Também gosto de Augusto dos Anjos, só pra citar os que mais aprecio. Fernando Pessoa é um fenômeno, poeta inigualável, impar! Um caso único na literatura mundial com os seus heterônimos, um poeta multifacetados em vários, vamos dizer assim, cada um com uma personalidade própria, fascinante, genial! Obrigado pela satisfação de sua visita!
oooo coisa lindaa! encantada!
Boa noite Fábio :)
Obrigado, cordial Joana. Boa Noite!
Como diria Drummond, eta vida besta, meu Deus!
e como eu ando necessitando disso, de uma vida besta com tempo para matutar...
É, as vezes as comodidades, a burocracia, o corre-corre das grandes cidades nos casam, e só queríamos voltar a origens quando tudo era mais simples, bem básico. Obrigado, Anderson.
Se fosse em um campo tao bonito quanto o da foto eu tbm queria!
É mesmo, Dernier Évolo, campo dos sonhos.
''Como que anestesiado, viver recatado,
Na monotonia do meu recanto.''
Fico demasiadamente maravilhada em te ler.
Há que me da a honra, hábil poetisa Hellen.
Oi, Fábio, como vai?
Gostei do seu blog, estou te seguindo, voltarei mais vezes.
Beijos
~ http://gicoppola.blogspot.com.br
Obrigado, Giovanna, pode voltar, figue a vontade.
É como diz um dos personagens de Matrix: "ignorância é uma bênção!"
Bjos!
De repente, em certos aspectos, é mesmo! rs... Obrigado, Larissa, beijos!
Quanta paz deve existir numa vida assim... Mas nós que vivemos sempre nessa correria e cercados por tecnologias, será conseguiríamos?
Acho que não. Mas ser humano é adaptável, e a circunstancia obriga. Lembrei do personagem do filme O Naufrago.
Depois de ler o poema da vontade mesmo, ao ler consegui visualizar o lugar...a imagem que escolheste tbm é perfeita.
Gostei muito do seu blog e do jeito que escreve parabéns.
Obrigado, Patricia Galis, isso é a essência da criação artística, essa intenção de mexer com a imaginação.
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