sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Do Caos Primordial


Fastio imenso, falta de motivação,
Outono da existência, até quando?
Ausência de plano, desesperação.
Pássaro engaiolado olhando a amplidão.
Leito vazio de rio, chuva que não vem,
Coisa autônoma que não se doma,
Que não se lança mão, alazão arredio.
 
O processo criativo é lenitivo, é drama,
É uma luta armada com o invisível.
É vício, parto difícil, oficio vão.
Em noite de insônia, lutar com o sono
É a melhor maneira de não dormir.
Adular a inspiração, também, é enfado,
Cão a perseguir o próprio rabo.
 
Fábio Murilo, 31.11.2014
 

34 comentários:

Teresa Brum disse...

Instigante, forte, cutucador seu poetar caro Fabio Murilo, sempre colocando o coração, a alma em desafios.
Adoreiiiiii!
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Bom dia Fábio Murilo

Belo poema, gostei da tua inspiração.

Tem um bom sábado
Beijos

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Carol Russo S disse...

Não existe ano que não tenha outono, não existe vida que não tenha lá suas fases ruins, suas primaveras sem flor, Fábio. Mas a melhor maneira de vê-las passarem rápido é exatamente essa, colocando-as para fora em versos, doses homeopáticas de poesia e convenhamos, você faz isso muito bem!

Vitor Costa disse...

Caro Fábio, você captou com extrema competência o processo tortuoso e desgastante que é a escrita, às vezes a inspiração, como uma criança teimosa, não quer colaborar e precisamos ter paciência para que não atropelemos nossas palavras e elas irrompam naturalmente. Sempre quando acho que vou ser rápido para escrever meus textos, acabo levando muito mais tempo do que imaginava. Não é nada fácil, mas realmente cada segundo, imerso nessa jornada, vale a pena.
Como sempre, um exímio poema.

Samuel Balbinot disse...

Boa tarde poeta..
muito bem escrito..
tb vejo muito do que tu disse..
os dias de hj estão um caos.. para os que querem ficar conectados a ele..
a gente ainda tem a poesia para fazer uma bela fuga não é..
abraços

Evandro L. Mezadri disse...

Muito bom Fábio! Resumiu tudo o ofício de nós, poetas!
Grande abraço, sucesso e ótimo final de semana!

Laura Santos disse...

Desse caos primordial nasce tantas vezes a criação. Um esbracejamento do qual nada parecemos conseguir captar, em que tudo parece escapar por entre as mãos. A criação será sempre essa luta com o que não vemos, e pressentimos, no entanto insistir desesperadamente na tentativa de captação dos sinais que nos possam inspirar, pode ser contudo o caminho para a desinspiração.
Não adianta perseguir a criação, ela virá pé ante pé, e quando menos esperamos , sentar-se ao nosso lado.
A importância de estar distraído; " Sentir é estar distraído" F. Pessoa
Magnífico poema, Fábio!
Bom fim de semana!
xx

Renato Almeida disse...

Falta de motivação é algo que cerca á todos, principalmente e infelizmente quem escreve. Como sempre utilizou as palavras de uma forma única.
Muito bom o poema. Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

Fábio Murilo disse...

Obrigado pelas gentis colocações, Maria Teresa.

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Cidália.

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Carol, pelas pela visita.

Fábio Murilo disse...

Como sempre com excelentes comentários, somou. Obrigado, Victor.

Fábio Murilo disse...

Oi, poetamigo. É mesmo. Muito bem observado. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

Que bom, Marcos, que tenha conseguido. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

Magnifico comentario, Laura. É exatamente assim, somou, reforçou o sentido. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Renato, é isso mesmo amiguinho.

Shirley Brunelli disse...

Isso tudo acontece muitas vezes, é o vazio a preencher nossa mente..
Gostei muito , Fábio.
Grande abraço!

Bandys disse...

Adorei.
Boa semana
Bjs

Anônimo disse...

Oi Fábio...demorei um pouquinho..mais vim retribuir o carinho em minha postagem de recomeço...estamos aí recomeçando todos os dias.Até quando o outono da vida?todos nós temos esta fase de transição..o importante é sobreviver..que cada perda possa parecer um ganho...que estejamos prontos para receber outras estações também...que venha o verão;;cheio de luz!no nosso coração..Amei teu poema...e me deu vontade de te deixar esta mensagem aqui..um abraço!boa semana1

Tais Luso de Carvalho disse...

Bah, Fábio, sem ideia, defronte uma folha em branco... é a sina de quem se propõe a deixar escrito um pouquinho de si. Mas vejo isso com naturalidade, embora também com certa inquietação. Parece uma cobrança, uma obrigação que assumimos conosco. Mas esperando um pouco, tudo toma novamente o seu caminho e a inspiração vem. E tão linda como li aqui, falando dela própria! Até a falta de inspiração, inspira...
bjus, você escreve como sempre...

JAIRCLOPES disse...

Soneto-acróstico

Porquanto há um imenso fastio
Existência no outono entra pois
Rabo próprio como um vasto rio
Se nenhuma vida existe a dois.

Então outro pássaro engaiolado?
Graça aos céus por enquanto não
Um dia inspiração sai de seu lado
Invertendo seu rumo de motivação.

Raia o sol depois de uma insônia
Outro dia como qualquer anterior
Respeitemos a maior parcimônia.

A chuva trouxe umidade e bolor
Basta dessa tal volátil cerimônia
Ouvi somente o gestual do amor.

allmylife disse...

Por quantas e tantas vezes já passei por este fastio!!! Perdi as contas...e quanto mais damos importância a esse momento de deserto, mais ele cresce... =** Bjs moço..boa semana

Dentro da Bolha disse...

e a gente segue nessa linha. nessa confusão!

dentrodabolh.blogspot.com

Fábio Murilo disse...

É mesmo Shirley, "o vazio a preencher nossa mente" interessante o que disse. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

Oi, Sandrinha. Seja sempre bem vinda, a hora que for, obrigado.

Fábio Murilo disse...

Poxa, certeira! Foi o que aconteceu. Queria fazer um poema, tava sem inspiração, ai resolvi escrever sobre isso, que é o que tinha nas mãos, a falta de inspiração, deu nisso, rs... Obrigado Tais, Beijos!

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Garota. Boa semana pra ti também. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Uauuuu!!!!!!!!! Muito bom, Jairclopes. É logo um soneto! Amigo, tu é craque, gostei! Obrigado.

Fábio Murilo disse...

Muito bem observado, Almylife. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Exato. Nesse caldo criativo, acrescentaria. Obrigado.

Contos da Rosa disse...

E do silêncio das ideias mornas do poeta surgem rios de letras que formam palavras alagadas por onde escorrem frases deslizantes e um novo rio se forma, por onde os leitores nadam, causando uma correnteza de novas inspirações.

Fábio Murilo disse...

Poxa, adorei o comentario super inspirado! Obrigado, Rosa Matos.

Ana Rosa disse...

Então, exatamente isso.

Fábio Murilo disse...

É. Tava sem inspiração e escrevi sobre a falta inspiração. Obrigado, Ana.

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