Poeta não é profissão, como engenheiro,
advogado, médico, dentista arquiteto. Partindo desse prisma, a sociedade
organizada fez questão de manter uma distancia critica do poeta ou põe o mesmo
numa redoma de vidro, FOLCLORIZANDO (no sentido pejorativo) sua produção
artística. Quando alguém se refere ao poeta os adjetivos são sempre no sentido
de mostra-los como um ser distante da realidade social, um ser meditativo e
alienado dos problemas da sociedade. “É um poeta...” dito por essa sociedade
produtora de bens de consumo é sempre pejorativo.
Trata-se evidentemente de um preconceito contra
a poesia, o poeta. Na realidade, o poeta é um operário da palavra (Cassiano
Ricardo) que trabalha cotidianamente e por isso tem que ser encarado com um ser
social. Por outro lado, o poeta, como ser social, tem que exercer fatalmente
suas responsabilidades perante as injustiças sociais. Ele é um cidadão do seu
tempo e não um distante ser nebuloso, perdido num BURACO NEGRO. O poeta tem que
ter os pés no chão do real. Tem que se atolar na lama do cotidiano. O poeta
Russo Maikóviski, por exemplo, fez da sua poesia um compromisso com a
transformação social do seu pais. Tudo isso sem comprometer a qualidade
indiscutível de sua obra. No Brasil, o poeta João Cabral de Melo Netto é um
belo exemplo desse compromisso social. A poética de Cabral é essencialmente
voltada para o cotidiano. Engajado na realidade social, o poeta tem que
participar do momento histórico em que vive: vender e sobreviver com o produto
da sua criatividade.
Há entre os poetas, versificadores de final de
semana, parnasianos, debiloides que acham que o poeta não deve sujar-se com a
realidade e que seu lugar é num certo nirvana, perto das estrelas. Não há nada
mais ridículo. O lugar do poeta é na rua, pichando a parede do sistema.
(Dailor Varela (Jornalista e Poeta) – Livro Cadê a Justiça?)
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