sexta-feira, 29 de maio de 2015

Da Fugacidade da Vida



Não se adia a vida, se alia a ela,
Com a fome de mil cavalos,
Como aflitos vassalos, insubmissos.
Odeio timidez, vacilo.
Apostar corrida com o tempo
Esse atleta magnifico, é inútil.
Melhor fiscalizar com olhos
E sentidos apurados de lince
A oportunidade rara, clara,
O momento único.

Nessa altura da vida vejo lonjuras,
A inutilidade de certas vaidades,
Sentimentos, orgulhos vãos.
Entulhos de ressentimentos tolos,
Narizes empinados, ostentados.

Reitero o que disse o moço/velho
Que um dia pensou assim:
“Face a fugacidade da vida,
Tenho pressa de viver.
Tenho o desespero
Dos que não podem esperar,
Dos que estão conscientes
De sua humana fragilidade.”

Fábio Murilo, 24.06.2015


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Poema da Lealdade


Ao que se gosta não se mede distância,
É uma ânsia apostar no incerto,
No desejo de estar sempre perto.

Mas, por outro lado, mais perto está,
Porque tudo faz lembrar.

Partindo, indo embora a toda hora,
Sem notar, sem sair do canto,
Um não sem jeito de ficar.

Num longe perto, legitimo afeto,
Esse de esquecer quem não está perto,
Querendo perto estar.

Fábio Murilo, 20.05.2015

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Espontaneidade



Tua integridade serve-me de estimulo,
Abrigo, quando o mundo me agride,
Regride a era do gelo, do homem rude,
Orquídea a beira do precipício.
Também “sou antigo”, fora de moda,
De cantar serenatas, oferecer rosas,
Se for preciso, minha princesa, rainha,
Minha daminha de outros tempos,
Sinhazinha de sombrinha e tudo.

Vejo bondade em teus olhos,
A pureza dos primeiros anos,
Como saída de um conto de fadas.
Teu sorriso se abre numa parábola
Ascendente que acende teu rosto,
Que estando triste, ainda incide,
Súbito arco-íris nas nuvens chumbo.
Tão inédita, quase impalpável,
Advinda não sei de onde.
Talvez de um livro inacabado,
Um texto abandonado, esquecido,
De tão incrível, tão improvável.
  
Fábio Murilo, 10.05.2015

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Da Relativa Opção


Não, você não foi um objeto.
Digamos... Uma bicicleta.
Onde eu considerasse a cor;
Ponderasse sobre a melhor marca;
Observasse a beleza e funcionalidade
De seu “design”, exercesse, enfim,
Meu direito de livre consumidor.

O amor, frequentemente é um réptil:
Esquivo, sorrateiro,
Estranhamente arrebatador.
  
Fábio Murilo