sexta-feira, 30 de maio de 2014

A Viagem


A realidade da vida
É a do carro acidentado
No telejornal matutino,
É a do cego do terminal
Por outros olhos guiados,
É a do sol lá fora desperdiçado
Por olhares distraídos,
De quem só olha
O próprio umbigo.

É a desses anônimos
Enfeitados até os dentes,
Lamina no embotamento...
No ônibus, vitrine
Em movimento.
Antítese do cobrador
 Educado, a dizer:
“– Bom Dia!
Apesar dos pesares,
Vale a pena viver!”

Fábio Murilo, 30.05.2014

Poema de Julien Green por Antônio Abujamra

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Na Realidade


A realidade é asfalto,
É chuva e sol inclemente.
Um rol de situações indiferentes
Alheios a nossa vontade.

E o sonho é  invenção humana,
Ração diária de ilusão.
Combustível da efêmera chama,
 Invenção da felicidade.

Fábio Murilo, 23.05.2014

Segue o Teu Destino - Fernando Pessoa/Renato Braz

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Beleza do Rosto


A beleza do rosto
É um acidente,
Um raro acontecimento.
Como as estrelas cadentes,
Os comentas, os eclipses,
A encher de espanto
O manto do firmamento.

A beleza do rosto  
É uma dádiva.
Ocaso e acaso feliz,
Sacerdócio e oficio.
Como o momento da flor
A desabrochar logo a murchar
E ser igual à pedra,
Raiz, cicatriz e dor...

A beleza do rosto
É um esquecimento,
Um vácuo, um lapso,
Alento e brisa,
Caricia no áspero
 E trágico evento da vida.

Fábio Murilo, 10.05.2014

Soneto do Amor Total - Vinicius de Moraes

sexta-feira, 9 de maio de 2014

O Abraço do Ser Amado


O Abraço do ser amado é como os laços dourados
Ou vermelhos que amarram o presente.
É como um agasalho em noite de chuva,
Cai, como uma luva, em nosso corpo carente.

O abraço do ser amado faz com que
Nos sintamos protegidos da maldade.
Enche-nos de paz, de um sentimento enternecido,
É na verdade, o abraço da própria felicidade.

O abraço do ser amado nos aquece, nos fortalece.
Une os corações, despertando emoções...

Nanda Olliveh e Fábio Murilo

http://nandamusicpoesia.blogspot.com.br/

sábado, 3 de maio de 2014

Emparedados


A mulher já não sorri
Seus olhos já não emanam
O mesmo brilho,
A mesma chama.
Já não ama.

O filho no quarto fechado,
Ensimesmado, ausente...
É um fruto sumarento,
É um pêssego aveludado,
Indiferente aos acontecimentos.

E a casa segue...
Barco destroçado,  
Sem rumo, nem encanto,
Sem cor, nem vontade,
Ao sabor da tempestade.

               Fábio Murilo, 01.05.2014