MEU HUMILDE AMIGO
Francis Jammes
Meu cão fiel, humilde amigo,
sucumbiste
Sob a mesa, fugindo à morte como
à vespa
Tu fugias em vida. Ali tua cabeça
Voltaste para mim no passo breve
e triste.
Companheiro banal do homem, tu
que em teus dias
No que falta ao teu dono achas o
que te baste,
Ó ser bendito que a jornada
acompanhaste
Do arcanjo Rafael e do jovem
Tobias...
Tal como um santo ama ao seu
Deus, num grande exemplo
Amaste-me também, ó servo
verdadeiro!
O mistério de tua obscura
inteligência
Vive num paraíso inocente e
fagueiro.
Ah se de vós, meu Deus, a graça
eu alcançasse
De face a face vos olhar na
eternidade,
Fazei que um pobre cão contemple
face a face
Quem para ele foi um deus na
humanidade.
Tradução Manuel Bandeira
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