Nos ônibus, meus companheiros
São menos complicados: pensam
No almoço simples, nas mulheres,
No futebol e no chuveiro.
Eu, o suspeito; eu, a exceção
Dentro do carro, nessa linha:
Estou perdido, estou sozinho
E completamente perdido.
Bocejo na poltrona e só
Duas vezes me descortino
Diante da amada que, franzina,
Desconfia de meus propósitos.
Somente na minha janela,
No vidro fosco, transparecem
Garras de fumaça e de medo
Que fumegam no vale em viagem.
Ao menos lá no terminal
Deste ônibus existe Deus?
Impossível que não exista
E que existindo me abandone.
Alberto da Cunha Melo
Ilusão
-
Eu quero dizer tantas coisas, eu preciso,
Para aliviar essa ânsia que agora me consome.
Essa ansiedade, saudade, que sufoca meu peito, não é maldade...
É ...
Há 6 anos
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