sexta-feira, 7 de junho de 2013

Enquanto Não Vem o Final de Semana

Incrustado no cotidiano,
Feito um fóssil na rocha,
Participa, forçosamente,
De um insuportável filme...
Passa o tempo raciocinando 
Necessárias futilidades
E sobrevivendo em números.

Enquanto a mente, sem serventia,
Vai-se atrofiando
E se dissolvendo
Numa geléia cinzenta.

Fábio Murilo, 07.01.93

24 comentários:

Samuel Balbinot disse...

Boa noite Fábio.. a nossa mente não atrofia não a gente tá sempre com ela a mil por hora ótima noite

Fábio Murilo disse...

A minha nem a sua, certamente não. Mas quem não a sua como deveria e nem a usa quando deveria, ou fazem mau uso. Esses atrofiam, estacionam numa burrice coletiva. Bom final de semana Samuel.

Fred Caju disse...

É aquela do Cazuza: prefiro toddy...

Bandys disse...

Oi Fabio,
A mente só atrofia pra queles que não
sabem viver. E com certeza voce sabe.
Beijos
Ps gradecida do elogio, mas depois de tanto tempo
vc tinha que gostar de alguma coisinha minha.
Fiquei honradíssima por falar no Chico Buarque
sou fanzaça.

Fábio Murilo disse...

“... todos estão entupidos de tédio. E Cazuza eternamente a beber o toddy dele de cada dia” – pois é Fred.

Nathalia Passarinho disse...

Me pareceu a descrição de muitas pessoas em que se deixam levar pelo cotidiano.
Perderam perspectiva de si mesmas.

Fábio Murilo disse...

É isso mesmo Srª Nathalia. E torcem pelo final de semana salvador. Para dormirem mais tarde e acordarem mais tarde, do domingo de praia e da alegria embriagada dos bares, enfim. E isso toda semana num ciclo vicioso a que todos se condenam inadvertidamente, sem que dêem um sentido mais nobre as suas existências, um ato, um gesto diferenciado que seja, se dedicar a uma causa nobre, por exemplo. Bom final de semana.

Fábio Murilo disse...

Obrigado. Eu sempre gosto bichinha, mas não tem um que lhe alcança a sensibilidade de uma maneira especial. Pois é. Foi o caso. É fanzaça de Chico?! Que bom! Também é um dos meus preferidos. Valeu Garota Dourada.

Helen Ferreira disse...

Te leio e tenho a certeza de que a poesia não está morrendo.
Não aqui.

Fénix disse...

Que bonita forma de expresar o hastío e desgana (tan propia do estudante) que se apodera de nós durante as cinco feiras da semana laboral. Precioso.
Síntome identificado con este verso: "De um insuportável filme..." Ás veces asáltame unha sensación de irrealidade e parece que estoy a contemplar a miña vida coma unha película proxectada nunha televisión.

O Neto do Herculano disse...

Ainda bem que o fim de semana chegou.

Antônio LaCarne disse...

fábio, são lindos os teus poemas. já virei fã.

Michael Conti disse...

Vai chegar um tempo em que os pensamentos vão deixar de existir e as pessoas serão autômatas, em consequência disso, a verdade será um elemento desnecessário e a versão dos fatos é que importará. Um abraço!

Fábio Murilo disse...

Muito me honra saber isso de você, guria. Grato.

Fábio Murilo disse...

“Quando o trabalho é um prazer a vida é bela. Porém quando é imposto a vida é uma escravidão”. - Maximo Gorki. Não me refiro tão somente a atividade laboriosa rotineira, no entanto imprescindível a nossa sobrevivência, sei da tragédia do desemprego, não fazer nada também cansa, freqüentemente mata, falo da mesmice de todos os setores de nossas vidas, inclusive esse. Acho que é por isso que as novelas são tão populares, e por não dizer os filmes. São válvulas de escape, dão como que uma realidade opcional, de outra ordem, mesmo que irreal, fantasiosa, um kit de sobrevivência televisivo ou invasivo, de que nos valemos para esquecemos a nossa. Os atores se tornam, de repente, pessoas próximas, choramos suas dores, torcemos por seus amores, se tornam da família. É muito cômoda essa realidade de mentira, que podemos desligá-la, se não nos agrada, ou mudar de canal, procurando outra programação ideal, que nos seja mais conveniente, onde temos total controle remoto. Diferente da nossa inóspita, de verdade, onde não há dublês prá tomar nosso lugar nas horas difíceis, como nos filmes. Somos os verdadeiros heróis, desconhecedores do roteiro, vivendo de improvisos. É isso. Obrigado pela gentil participação Fênix.

Fábio Murilo disse...

Descanso dos guerreiros. Valeu!

Fábio Murilo disse...

Muito obrigado Antonio, você é muito gentil. Volte mais vezes, será um prazer.

Fábio Murilo disse...

Acho que esse tempo já chegou. Tempo de inversão de valores. Onde o já citado Cazuza observou: "As idéias não correspondem aos fatos". Valeu Michael.

Gabriel S. Ignácio disse...

Eu não tenho tido finais de semana...
Faço breaks durante os 7 dias... Mas final de semana, de acordar tarde, ficar o dia inteiro na cama ou vendo filme só em raros domingos chuvosos...
Ando trabalhando bastante,
porém, me projetos agradáveis e em horários mais flexíveis (pelo menos isso) hahaha
É o que dá pra fazer pra tentar fugir de uma rotina desgastante, chata e cinzenta.. viver com qualidade é importante, temos que dar a devida atenção a nós mesmo!
Abraço!

Fábio Murilo disse...

Parabéns! Que alto astral Gabriel! Encontrou o caminho das pedras, conquistou o equilíbrio. Está vendo o sol amanhecer e vendo a vida acontecer como um dia de domingo...

Mari Mari disse...

Excelente poesia! E olha que sou chata pra gostar de poemas...

Fábio Murilo disse...

Poxa! E eu consegui!!! Obrigado Corpse, belo nome.

Mente Hiperativa disse...

A princípio eu pensei: "Coitado, o que será que ele faz durante sua semana - e que semana inútil, que vida pobre". Porém, logo depois imaginei que você tivesse se colocado no lugar de outro que gasta a vida em vê-la passar. Não pude imaginar que você vivesse o papel de quem apenas contempla a vida passar, afinal me parece tão pensante, tão vivo, tão rico em palavras e vivências... Se bem que em algum momento da vida podemos experimentar essa falta de motivação e apatia. Depois passa, assim espero.

De qualquer forma o poema nos incita boas reflexões. Abraço

Fábio Murilo disse...

Hummm... Foi o que você falou: "De qualquer forma o poema nos incita boas reflexões". A personagem tá passando por tudo isso e mais alguma coisa. Poesia é metáfora: eu expus uma experiência de vida, minha verdade, que você pode entende-la de outra maneira, e todas as interpretações estão certas, o poema comporta todas as respostas. Não sei seu me fiz entender (rs...).

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