Odeio
imprevisibilidades, contratempos,
Tenho meu
próprio senso prático, senso trágico.
Pretensão de
quem acha que a tudo possui,
De quem a
tudo intui, como um vidente do obvio.
De quem tem
cada passo calculado,
E anda
pisando em ovos, em campos minados.
De quem
detesta chuva que cai, na hora que sai,
E se, na
hora que vai, abre o guarda-chuva,
Surge do
nada um dia ensolarado, contrariado,
Julga algo
pessoal, fora do normal,
Uma
conspiração universal.
De quem quer
empurrar a vida com a barriga,
Ladrão de sua
própria tranquilidade, sofre por antecipação.
Que não
espera, se desespera, como se faltassem eras.
Que,
atônito, em seu temperamento tragicômico,
Receia o
inevitável, o inexorável, o incontrolável.
Anseia por
um futuro calculável.
Fábio
Murilo, 31.05.2013
49 comentários:
Rs, conheço algumas pessoas que são assim como você descreveu no texto !
Gostei demais do texto, muito inteligente e em minha modesta opinião nota 10 no jogo das palavras...
Beijos amigo Fábio !
A harmonia da alma não é simplesmente um lugar de paz, uma praia tranquila.
A harmonia da alma é uma resolução completa do eu.
É o acordo, pela eternidade, entre todos os pensamentos e sentimentos.
Um texto que faz a gente refletir.
beijos
Um grande poema, muito na linha do "eu pecador me confesso", e saber que se é assim já é um grande avanço!...:-) Porque você consegue fazer com isso uma certa ironia trágica.
Existem imprevistos que podem ser muito desagradáveis de facto, mas calcular cada passo ao mais ínfimo pormenor como se existisse uma espada a pairar sobre a cabeça, ser rígido em relação ao desenvolvimento dos dias, quebra muito alguma possibilidade de surpresa. Claro que o horário de trabalho tem de ser cumprido, mas fora isso há que inventar algo, inovar a nossa própria disposição para as coisas.
Eu também já fui um pouco assim, mas há muito tempo que já não sou...eu tinha um receio intrínseco de que tudo o que fizesse pudesse correr mal, tinha sobretudo mais consideração pelos outros que por mim. Como correram mal algumas coisas que tanto programei, se sair desse trilho fantasma que me acompanhava, deixei de me preocupar tanto com o que surge. O que for soará! Desculpe a expressão mas estou a borrifar-me!
Uma chuvada?...É uma maravilha. À primeira pode não se gostar, mas depois, como diria F. Pessoa num contexto totalmente diferente ;" Primeiro estranha-se, depois entranha-se"...:-)
Ah Fábio, deixe de ser tão meticuloso e tão certinho. Existem contratempos que podem abrir caminho a situações inesperadas e fantásticas. Eu entendo que existe uma necessidade de sentir-se segurança, mas a vida tem de ser ousadia, digo eu por ter perdido em muitas situações por não ter ousado.
Gostei muito do poema. Há um lado pessoano em ti.
xx
Eu queria dizer "ao sair desse trilho fantasma" e não "se sair"...!
Distraída!... Até tropeço no que quero dizer!...:-)
Oi Fê! Apareceu!!! Certo amiga, obrigado, beijos!
Certo, Garota Dourada! Beijos!
Continua certinha!!! (rs...) eu não tinha nem notado! (rs...)
Ah Laura, ao lado desse "lado certinho" e pormenorizado eu já gosto de surpresas agradáveis, quem é que não gosta, sobretudo adoro surpreender. É, confesso, sofro de uma ansiedade cronica desde que me conheço por gente. Ai é uma avenida pros problemas psicossomáticos. Invejo que é assim vive a "borrifar-se", há que, como ti, diga dominar essa técnica, sou o rei do estresse. O segredo é esse como disse nosso estimado poeta Fernando Pessoa: "Primeiro estranha-se, depois entranha-se'" ou sair da zona de conforto e se acostuma-se. Ponderarei seriamente tuas palavras, nunca é tarde, a vida tá ai...
Se eu fosse certinha tinha escrito bem à primeira...;-)
xx
rs...
Ui mas que poema lindo, e tão realista!
Eu sou um pouco assim...Por isso identifico-me um pouco! Adorei
tens uma semana feliz
Beijinhos
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Oi, Cidália, somos assim, pois é, coisa de temperamento.
Seria bom ter controle sobre tudo. Será??? Os imprevistos nos abrem novos caminhos, ainda que, em princípio, nos incomodem bastante. Abraço.
Depende do imprevisto, as vezes são surpresas agradáveis, são coisas improvisáveis, que nem que tivéssemos planejados daria tão certo. Mas na maioria as vezes, temo os imprevistos, confesso.
Bom dia Fábio.. quanto de nós vamos empurrando com a barriga a preciosidade que temos chamada vida.. contratempos que nós mesmo criamos.. abraçao
Muito bom... Parabéns.
Meu querido poeta sério rs, Fábio Murilo, como tu usas bem as palavras, me encanto e procuro o sentido que está ali, ao meu alcance, tu oferecendo o fruto, o teu fruto, tua poesia que cultivas com certeza na alma, no coração e no cérebro...'contratempos, conspiração universal' entre outros, estou aí também, neste poema, com minha ansiedade tentando ser controlada pelo rivotril rs ou com poemas que me servem de remédio, como este que acabo de ler. Cada vez mais entusiasmado ao ler teus poemas, obrigado por tanta inspiração.
ps. Carinho respeito e abraço.
blog do jair ou histórias de músicas e pessoas
Pode ser, espiritualizado Samuel, minha mãe dizia: “Há gente que de um argueiro faz um cavaleiro”, pode ser. Obrigado.
Obrigado, André.
Como sempre escrevendo de forma única, o que dizer diante deste texto? ...
Muito bom! Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/
Olá Fábio!
Foram muito bem colocadas as considerações expostas em seu poema, conheço tantas pessoas que pensam de tal modo., e por vezes também tenho pensamentos similares.
Muitas vezes é conveniente, porém nem sempre precisamos calcular cada passo, cada ação.. pois não há nada como vivermos o momento nada planejado, ..é uma maneira mais leve e tranquila de se viver, e ao menos não sofremos com aquilo que não ocorreu conforme o previsto.
Parabéns por seus poemas, são sempre muito reflexivos!
Um abraço
Poxa eu que me sinto lisonjeado e honrado com sua presença, e com suas gentis palavras.
Mas você falou de você ou falou de mim? Ou falou do mundo dos pobres ansiosos, trágicos, que pisam em ovos nos campos minados; dos desconfiados e que empurram o que podem com a barriga; os que sofrem por antecipação, com seu temperamento ora calmo, ora afaiscado...Mas que com tudo isso tem lá suas boas qualidades!
ESSA SOU EU! rss
Um ótimo Natal, menino de ouro.
Beijos.
O personagem do poema sofre de antítese!?
Obrigado, amigo, por suas gentis considerações.
Entendo Vane, a vida requer equilíbrio, concordo completamente. É a eterna luta entre emoção e razão. Obrigado.
Também sou assim! Ora calmo, ora afaiscado, Tais! rs... Sofremos do mal do século, trocamos os pés pelas mãos freqüentemente, na cabeça rola um filme sinistro, fabricamos nossa raça diária de estresse. O problema é nos conversemos disso, como é que se faz? Obrigado colega de aflição, rs... Bom Natal pra você também, beijos!!!
Além do estresse, puxa, precisa mais não! rs... Obrigado, espirituosa Kassya.
Bom dia, Fábio. Nem sempre conseguimos nos livrar de situações que nos prendem à tristezas, que nos fazem sofrer, chorar, enfim, decididamente se prostrar porque não encontra forças para mais nada.
Pensamos e pensamos, queremos encontrar solução favorável, alegre e aprazível, mas vemos que o mar de contratempos e desilusões quase nos afoga e respiramos muito mal.
Parece que Deus fechou os seus ouvidos ao nosso clamor.
Acredito que não temos que odiar sermos uma fase assim, apenas não conseguimos e nem sabemos a razão para isso se dar.
Nem sempre o nosso senso prático, a nossa razão, consegue falar com mais propriedade sobre o que devemos fazer e que direção seguir.
Somos complexos, devemos deixar as fases passarem, apesar de umas fases parecerem imensas e quase eternas!!!!!!!!!!
Não filosofarei aqui, nem quero, apenas digo, que todos nós somos vulneráveis uma hora da vida.
Beijos na alma e paz!
Uau, fiquei encantada com essa poesia. Você escreve bem demais!
Acho temos medo do desconhecido e por isso queremos tanto saber exatamente o que vai ocorrer. Não sei se interpretei da maneira correta, mas é como você disse: "anseia por um futuro calculável". Porém, surpresas agradáveis são sempre muito bem vindas...
Adorei seu blog e já estou seguindo ^-^
Beijos - http://otoemduvida.blogspot.com.br/
Pois é Patricia, como, fatalisticamente, disse alguém no ônibus: "morrer é mais fácil que viver" Obrigado Poetamiga.
Obrigado!!!
Obrigado Amanda, a casa é sempre sua.
Olá Fábio!
O seu blog "A poesia está morrendo" despertou a minha curiosidade. Afinal ela está bem vivinha e de boa saúde... Tudo quanto li gostei, mas não tenho tempo de comentar. Agora este poema está muito bem pensado... mas o coração nem sempre é objectivo...e nós seres fracos... somos levados pelo sentimento e não pela razão. Um abraço.
Festas Felizes por aí!
M. Emília
Olá…
Venho agradecer todo o carinho que me foi dado durante estes 7 meses de blogueira.
Que todos possamos ter muita Paz, Amor harmonia… e, principalmente Trabalho. Sermos honestos dignos, e respeitar o próximo!
Que não nos falte nunca a vontade de sorrir.
Talvez abrande no blogue e visitas, pois estarei de férias merecidas na Suíça. Juntos das pessoas que amo, mas prometo se puder dar notícias .
Desejo-vos um Santo e Feliz Natal, e um ano de 2014 repleto de positividade
Um beijo
É, esse titulo fatalista até que tem alguma utilidade, rs... Provocar! Concordo, graças a Deus a poesia, em ultimo caso, renascerá das cinzas, feito Fênix, mas não morrerá nunca acredito também. Um pouco apagadinha, acredito eu, já se escreveu, já se recitou, se vivenciou mais poesia, porem.... Mais ainda persiste e goza de boa saúde. Boas Festas também, Maria Emília Moreira e obrigado.
Opa Cidália, fiel seguidora, que bom! Não tem que agradecer, que assim seja! Boas Férias! Obrigado!!!
Leio teus poemas e fico é emocionada em saber tu que tu também me lê!
Que honra, de verdade.
Até que há imprevistos bem agradáveis!
Feliz natal e bom ano novo.
Boa tarde
Independentemente do poema que está fantástico, simplesmente brilhante, venho desejar um NATAL muito feliz, cheio de Paz, Saúde, felicidade e boa harmonia
Que o Amor esteja sempre presente em seu coração
Os meus votos são extensivos à família e amigos.
Deixo abraço
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http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/
Pois é, adoto ler-te jovem poetisa! Tu que habilmente e com intimidade dispões as palavras, eu que me sinto honrado. Obrigado, talentosa Guria.
Ah esses a gente não conta,tão no lucro, não precisamos preocupar-nos. Agora tem os chatos, rs... Mas é assim mesmo, o chato sou eu. rs...
Obrigado, Ricardo. Desejo um Feliz Natal e um Prospero Ano Novo a você e os seus, também.
Me vi nesse poema...
Lindo e objetivo. Você sempre encontra as palavras certas.
Ah... nós e nossa vã pretensão de achar que a tudo podemos prever e antecipar, até mesmo perante aquilo que achamos que iremos sentir. Mas, não tem jeito. A vida sempre nos surpreende e nos mostra o imprevisível. E é com ele que a cada momento e a cada respiração que damos, que compreendemos um pouco mais que nada controlamos.
Bjos e um Feliz Natal, Fábio!!
Bom saber, Ester. Obrigado.
Vá, continue Larissa... Muito boa sua dissertação. Brilhante e luxuoso adorno! Como falei é um temperamento tragicômico. Obrigado e Feliz Natal também, beijos!
Sou meio assim... um pouco preparado pra tudo. E despreparado pro nada. Se o dia tem seu início eu já sei o que fazer caso isso ou aquilo aconteça, não sei agir na surpresa, não funciono sob pressão. Acho que não estou pronto pra vida. Mas quem está???
Pois é, Senna, também sou assim. Obrigado.
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