Dá-me um pouco de tua
tranquilidade,
Do pouso suave de teus pássaros,
Teus passos indeléveis, tão
leves,
Teus pés descalços na areia
branca.
Frágil é minha paz, inconsolável,
É meu desassossego, meu medo.
Medo do destino, da solidão,
Medo de mim mesmo,
Dos fantasmas da minha insegurança.
Penetra comigo na grande
noite,
No vale de todos os perigos.
Certeza só de ida, não de chegada.
Chegar deve ser triste,
O fim de todos os caminhos,
O ninho, a certeza, o vazio.
Bom é a caminhada, o
improviso.
A vida sem dias, nem hora
marcada,
Sem calendários, nem avisos.
Um grande banquete ao ar
livre,
Um passeio público, lúdico.
Deslizando distraidamente
Na superfície dos segundos,
Sem ontem, nem amanhã.
Capturar cada cheiro,
Cada cor, cada brilho,
Cada resquício de prazer,
Cada indício de bem estar...
E o que tiver de ser, será.
Fábio Murilo, 21.11.2014
42 comentários:
Caprichou, amigo...Perfeito, maravilhoso do início ao fim.
Parabéns!!!
Beijo!
Maravilhoso poema!
Adorei, Fábio.
Beijo e um sábado feliz
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Bom dia Fábio..
o medo é algo que precisamos romper em nós.. ele nos tira muita vitalidade.. quando se vê nos tornamos hipocondríacos.. medo de tudo.. e medo de si mesmo é algo que já diz como estamos né.. abraços
Fábio, é exatamente isto que eu tenho sentido nos últimos dias, meses (sabe-se lá desde quando?). Uma vontade de me descobrir na paz das coisas simples, o desejo irresistível - e incontrolável - de pegar uma mochila e sair por aí conhecendo tudo o que o mundo tem pra mostrar. Me encontrar. E Ser.
Bom final de semana :)
E esse gif: que amor.
Porque haveremos nós de sentir estas inseguranças, este desejo de uma tranquilidade por vezes difícil de alcançar?... O outro pode ajudar e muito, mas teremos sempre de ser nós a partir seguros ao encontro do outro, caso contrário o outro poderá tornar-se uma dependência.
No entanto o teu belo poema parece expressar mais um desejo de risco, de negação do medo, e o assumir de uma caminhada sem hora marcada para chegar, com um destino que surja de improviso, e o aproveitamento de cada instante.
A vida deve ser isso; o penetrar nas coisas sem medo.
Gostei muito, Fábio! Levamos por vezes parte da nossa vida a lutar contra fantasmas aparentes, e perdemos tanto tempo...
xx
O final diz tudo.." O que tiver que ser, será...ponto
Desejo um bom fim de semana
Querendo visite(m):
http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/
Eu tenho medo de ter medo pelo resto da vida.
(Rodrigo Tavares)
Mas sigamos assim, então. O medo também nos move.
"Gostei da imagem, das palavras e da data. Fazia um tempo que eu vinha por aqui e observava as poesias. Sentia exatamente a morte em vida. Hoje eu saio daqui feliz A vida é uma grande surpresa”.
Beijo
Gostei muito!
O que seria da vida sem medos, sem inseguranças, sem buscas, sem perigos, sem perdas, sem encontros, desencontros?
Seria muito chata, mas o melhor de tudo isso é que sempre, se prestamos bem atenção, sempre encontraremos o amor verdadeiro num olhar especial., bom demais isso.
Amei seu poetar cara amigo poeta.
Grande abraço e felizes andanças por esse mundo sem fim, por esse espaço sideral encantado.
Fui lendo teu texto e pensando como seria bom se nosso viver não tivesse tantas convenções desnecessárias, tantas regrinhas absurdas. Viver dá insegurança, sim, se pensarmos na solidão, nas doenças, nas nossas perdas, no envelhecimento... Isso não tem como ignorar.
Você falou a verdade, Fávio. E as verdades, apesar de tocarem na nossa parte mais frágil, ficam bonitas. Belo poema.
Beijo.
Senti na pele arrepiada toda a leveza dos teus versos, Fábio...
Obs.: sentir medo não é bom, vai machucando a alma até que um dia chegamos ao temor de olharmos a nós mesmos em qualquer espelho... se livra disso!
Parabéns pela delicadeza.
"Deslizando distraidamente
Na superfície dos segundos,
Sem ontem, nem amanhã."
Assim se faz o Presente!
Muito bom, como sempre... :)
Obrigado, Cidália.
O medo é um sentimento natural até certo ponto. Se não fosse o medo abracaríamos um leão, marcharíamos propositalmente para o abismo, seriamos potenciais suicidas. Exitem medos e medos, e o medo paranoico como citou, doentio. Tudo em demasia é doença, até beber . água, já ouvi falar. O medo no sentido de prudência, de entender o desconhecido e calcular o risco. O importante é ficar atento e não perder o tempo da investida, não passar a vida pensado, nem trocar os pés pelas mãos. Abraços, poetamigo.
Lindo desejo, Luria, inspirador e instigante. Você tem toda vida pela frente e toda juventude do mundo. Avante! Obrigado!
Poxa, Laura, precisa! Despiu o poema, fez uma verdadeira autopsia, desmontou em partes pequenas, engrenagens e parafusos. Reescreveu em prosa melhorada. Obrigado!
Bem observado, Ricardo. Obrigado.
É, esse é o perigo, Guria, como eu já disse noutro poema: "o perigo de quem vive com medo é morrer sem ter vivido". E tu merece todo meu respeito e admiração ao expor tuas corajosas considerações, tanto agora quanto em outras ocasiões, te admiro, menina sem medo.
Bom ouvir isso, Bandys, animador. Fico feliz que tenha se surpreendido. Beijos!
Achou? Rs... Muito obrigado então, Shirley, muito gentil. Beijos!
É mesmo, bati o olho e gostei, sintetiza bem a mensagem do poema. Notou que a moça, diante do mar, aqui metáfora da vida, parece dizer: - Te anima cara! Vamos? Rs...
Meu querido, viver implica riscos, riscos estes que muitas vezes deixamos de correr por medo de sofrer, de desistir no meio do caminho, de não alcançar os objetivos, de descobrir que sonhar não é preciso... Enfim, são os medos que nos barram os passos, nos tolhem os gestos, nos fecham os olhos... Devemos conseguir essa coragem de alguma forma e melhor que seja por determinação própria e não imposição da própria vida, pois assim os passos irão se tornando mais firmes no caminhar, pois como já deves saber, meu amigo, pois bem o poetizaste, o importante não é o caminho, mas a forma de caminhar.
O outro, ah, o outro! Essa pessoa que desejamos tanto ter ao nosso lado para nos ajudar na travessia, para nos estender a mão e caminhar no mesmo passo, fazendo compasso com nossos sonhos, nossas esperanças, nossos desejos... Importante sim, a travessia a dois, mas também importante definir os nossos próprios passos, aclarar a nossa visão, pois se o outro desistir no meio do caminho, ainda assim, que tenhamos a coragem de seguir a jornada dentro da mesma determinação. Afinal, a jornada é nossa, e é transitando por ela que devemos buscar o sentido maior da nossa existência.
Amei o teu poema, meu amigo, tanto que tive meios de trazer à baila as minhas reflexões. Grata pela partilha, grata pelo momento!
Sorrisos e estrelas na tua semana, com meu carinho,
Helena
É a vida, esse turbilhão de emoções. Não há emoções negativas, nem positivas no meu entendimento, são emoções, reações naturais a certas estímulos. O importante é a maneira como lidamos com elas, tipo aquela máxima bem conhecida, "Quando te derem um limão, faça uma limonada", é isso. Obrigado.
Pois é, Tais, essas coisas não são fáceis, Beijos!
Obrigado, grande poeta.
Obrigado, Helena, pelo inspirado e inspirador comentário. Muito sensível como sempre. Beijos!
Que legal, Carol. Isso é gratificante, essa empatia, esse "fade back". O medo, quando exagerado, realmente congela, paralisa, anula o individuo. Eu me livrar disso? Te preocupas não, tenho um medo natural, como o de qualquer ser humano, quando se fez necessário, pegar ou largar, já tomei decisões até malucas, de alto risco e não me arrependi depois. Tem horas que não dá pra ter medo, senão você não sai do canto, não vive, só observa os audazes se dando bem. Você também é muito delicadinha, um mimo de menina. Beijos!
Olá Fábio, já tinha saudades de te ler, e digo-te porquê:
Identifico-me bastante com tudo aquilo que transmites na tua escrita.
Também eu, tenho medo de viver, também eu não aproveito cada momento sem que a minha mente o sobrecarregue com fantasmas....mas isso não é justo, e, não é justo principalmente para nós.
E o pior ainda ,é quando de uma forma ,diria eu quase perversa, sentimos prazer em alimentar essas nossas inseguranças....
Tão real para mim este teu poema....quase poderia ter sido eu a escreve-lo, assim me permitisse o engenho e a arte.
Adorei!! E acredito que ao escreveres o que a alma te dita, te libertas num voo planado em direcção à felicidade....
Abraço amigo!!!
Tá certo, acho que o medo é mesmo natural do ser humano, então quem somos nós para nos livrarmos dele, hahahaha.
Obrigada! ^_^
Claro que podemos, Carol. Podemos e devemos dominar nossas emoções quando atrapalham. Imagina se na hora da raiva, partíssemos sempre pra briga, se ofendemos moralmente ao próximo sempre que irritados, se cedêssemos sempre, aleatoriamente, aos nossos impulsos, sem critérios? O medo é perfeitamente dominável, superável. Não é fácil, não resta duvida, em certas situações, mas acho que tudo é uma questão de treino, de auto superação e força de vontade, apesar das dificuldades, dos obstáculos. Quando desejamos alguma coisa ardentemente e a conquistamos, enfim, todos esses empecilhos se converterão em sabor, em mérito conquistado, abrilhantará nossa vitória, fará um bem danado a nossa estima. É isso ai, danadinha. Rs...
Essa insegurança é perfeitamente natural, principalmente quando adquirimos plena consciência da nossa finitude. Porém, ao mesmo tempo, quando nos tornamos cientes do tempo que nos resta, mais valor nós damos aos pequenos contornos que nos cercam, mais valor atribuímos às companhias, ao instante, "deslizando distraidamente na superfície dos segundos (magnífico trecho)". O medo em sua dose natural é necessário para valorizarmos mais a vida, porém ser refém do medo é como viver em uma bola, esperando pela morte.
Encerro com uma das minhas frases favoritas de Tyler Durden do filme/livro "Clube da Luta.":
‘Primeiro você tem que se entregar, primeiro você tem que saber não temer, saber que um dia você vai morrer.’
Grande Abraço Poeta!
Realmente Fábio, suas palavras foram sábias!
Sempre saio daqui com lições de vida que acrescentam e muito na minha bagagem. Ótimo isso.
Beijos
Lindo comentário, poetisa Cristina. Obrigado pela visita e considerações, deixou-me lisonjeado. Abraço.
Oxi, quem sou eu, Carol, rs! Tá, digamos assim, há uma troca salutar de vivências e experiencias. Também saio acrescido, tenha certeza disso. Beijos!
Poxa, Victor! Acrescentar mais o que? Disse tudo e mais além. Já penso como esse cara do filme a muito tempo. Tu é um moço velho, rapaz. Obrigadíssimo!
Marabilloso, Fábio. Mesmo quixen aplaudir, e aínda que non o fixen coas mans, fíxeno coa mente.
Obrigado, Fénix.
Lindo, romântico, motivador. Assusta, desempara, mas é inegável e muito desejada a deliciosa sensação do improviso. Achei magistral e paradoxal “a certeza incerta” que o “fim” provoca, fascinante “se jogar de cabeça” no desconhecido, a manipulação do tempo a nosso favor, o desejo vibrante de viver.
[...] Penetra comigo na grande noite,
No vale de todos os perigos.
Certeza só de ida, não de chegada.
Chegar deve ser triste,
O fim de todos os caminhos, [...]
Obrigado pelo entusiasmado comentário, Lu, abrilhantou e enriqueceu esse espaço com suas luminosas considerações. Carpe Diem.
Entre tantas palavras lindas que seu poema merece...
Calo-me!
E deixo-lhe meus aplausos!!!
Beijos no coração poeta!
Muito obrigado, poetisa. Disse tudo. Beijos!
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