quinta-feira, 20 de abril de 2017

Nuances e Meandros


A solidão agora não é tão sólida, como antes,
Não têm a casca de rinoceronte das horas.
Não é tão calcária, ardor assoprado.
Afago, mormaço, uma tênue sofreguidão,
Suportável, respingo de chuva, água morna,
Luva destinada, inexoravelmente, a mão.

E tua privação é uma ausência disfarçada,
Deslocada pelo bater das asas de um pássaro.
Quase companhia, diria, de fato e direito,
Um estar próximo sem precisar tá junto.
Estar  junto que muito acompanhado.
  
Fábio Murilo, 20.04.2017

13 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Muito bonito! Adorei!

Bom fim de semana. Beijo.

Carmen Lúcia.Prazer de Escrever disse...

Um poema que fala sobre uma solidão não tão sólida,mas faz parte de um sútil sofrer.
É o que entendi Fábio Murilo.
Lindo.
Bjs-Carmen Lúcia.

Priscila Rúbia disse...

Das experiências plenas... que só nascem de quem, de certa forma, já conhece bem a solidão. Há pessoas solitárias para amar, apesar da companhia ser o ato supremo desse amor. As vezes a sós conseguimos dar o mais puro da expressão de nós mesmos, já que aprendemos a controlar aquele desejo egoísta de invadir e corromper o ser/estar do outro...Tá, podemos até perceber a solidão que gera a essencialidade do amar (e de que outra forma poderia ser?), mas sempre com o conhecimento claro de que é a companhia do outro que faz esse amor se revelar.

É bom se sentir acompanhado pela presença ansiada na solidão do dia a dia. Contornando relevos na simplicidade da rotina que carregam a forma desse "estar mais junto do que muito acompanhado."

Não é clichê saber que realmente para os que se amam não existe distâncias. Hoje eu sei mesmo na experiência que não é clichê.

Meu Olá.
Parece que foi escrito na pause de um suspiro que se dá para lá da visão da janela e das esferográficas espalhadas na mesa...

Tais Luso de Carvalho disse...

Um estar próximo sem precisar tá junto.
Estar mais junto que muito acompanhado.

Seja fraca ou intensa, deve ser uma sensação de abandono. Deve doer muito. Peço aos céus que me poupe disso.
Beijo, Fábio, bom feriadão.

Vera Lúcia disse...

Olá Fábio,

Bom quando a solidão se ameniza e deixa de machucar o coração, passando a ser suportável e leve como o respingo da chuva.
Melhor ainda quando a falta se torna apenas "ausência disfarçada" ou "Um estar próximo sem precisar tá junto/Estar mais junto que muito acompanhado".
Um lindo poema, além de muito original.

Ótimo final de semana!

Abraço.

Maria Rodrigues disse...

Quando assim se sente, é porque o vazio da presença física é preenchido pela força do amor.
Belíssimo poema
Um abraço
Maria

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Nuances de um meandro ao cortinado
Esvoaçante e à mercê do vento
Irresponsável pelo movimento
Por não haver um vento a estar parado.

Assim todo destino é alienado
Às determinações do pensamento,
Que por razão do razoável, lento,
E aleatório meandro é um dado

Do somatório próprio do destino
Que nos meandros perde rumo e tino
A ser nuances da suposição.

Tudo é nuance por dogma e ensino:
Assim se põe em conta do divino
Essa suposta sólida solidão.

Lindo seu poema amigo. Parabéns! Só quiz brincar com a minha cabeça para não fugir ao propósito do blog em ser um silo lírico, mesmo de um lirismo aleijado, postiço ou torto. Desculpe a releitura. Grande abraço. Laerte.

Maria Rodrigues disse...

Passando para deixar um abraço
Maria

Vanessa disse...

Oii!! VI o seu blog e gostei muito!!! Que lindo poema, você tem o verdadeiro dom da escrita, parabéns!!
Tenha um mês maravilhoso!!!

Anônimo disse...

Ola Fabio ... obrigado pela tua visita em meu cantinho .... amoo café de paixão ...fico louca sem ele kkkkkk .... adorei seu blog ... bjinhos e fik com Deus se desejar me segue la ok ... bjus

Anônimo disse...

Lindo poema, meu amigo querido!


Beijos!

teresa dias disse...

Lindo poema, Fábio!
Cada palavra com tantos significados..
Beijo.

Helena Rodrigues disse...

Muitas vezes, carregamos algumas pessoas conosco apesar da distância que nos separa.

Beijos!
Blog: *** Caos ***

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