sexta-feira, 24 de maio de 2013

Nos Intervalos da Vida

O tédio é um prédio
De muitos andares
E muitos pilares
A sustentar-lhe o peso.
É um caminhar a esmo
Por uma estrada empoeirada.
É a angustiada solidão
Que predomina nas madrugadas.
É um medieval instrumento de tortura
Que me tritura os ossos 
E se perdura em ócios.

Fábio Murilo, 10.09.87

23 comentários:

Unknown disse...

Gosto do ócio. Me faz pensar.
beijos!!!

Bruno disse...

O "contra-verso" é verdadeiro:

"O tédio é um prédio
De muitos andares
E muitos pilares
A sustentar-lhe o peso."

eu o sustento tanto quanto ele me equilibra.

grande trabalho!

Fábio Murilo disse...

Já ouvi falar sobre isso, que na vida tudo é uma questão de equilíbrio de bem administrá-la. Obrigado Bruno.

Fred Caju disse...

Muito bom. Ser de 87 e parecer que foi de ontem é prova de qualidade.

Fábio Murilo disse...

Pois é cara, mas foi um dia desses, até parece que foi ontem (rs...). Valeu Fred.

João. disse...

87?

Tão atual.

Muito bom, como sempre.

Abraço

Fábio Murilo disse...

Obrigado João. Bondade sua.

Anônimo disse...

Tédio encaminhado, endereçado, compartilhado.

Gostei da correlação de tédio a um prédio com andares e pilares. Um salve aos intervalos da vida!

boa semana!

Fábio Murilo disse...

É. Há ócios e ócios. Obrigado pela visita Janice.

Bandys disse...

A prova que a poesia nem esta morrendo e nem morreu.
Nos intervalos da vida, agora venho passear por aqui.

Beijos moço

Fábio Murilo disse...

Penso que essa sensação, esta apatia, está ligada ao desejo, ao sempre esperar algo além, a vontade de sempre possuir mais. Os Hindus dizem que a causa da nossa infelicidade é o desejo, é não se conformar com o essencial, dai a aparente indolência daquele povo. Daí nossa sensação de vazio.

Jota Effe Esse disse...

Mas ainda assim o tédio não matará a poesia, ela reage na voz dos poetas loucos. Meu abraço.

Fábio Murilo disse...

Com certeza! No meu caso, até virou uma. Obrigado J.F.S

Fábio Murilo disse...

Pois é. Que cara pessimista sou eu. Talvez hoje, se pudesse, poria outro título, menos contundente, um nome neutro, ao menos, mas fica como um sinal de alerta. A poesia não morreu, saiu dos livros, qual fênix teimosa, se virtualizou, ficou mais elegante, mais modernosa e agora é que tá voando mais alto. Valeu Garota Dourada, sempre que tiver um tempinho, um intervalo na vida, pode passar por aqui, é sempre bem vinda.

Gabriel S. Ignácio disse...

Tente não atirar-se de cima dele!
O tédio e o óssio as vezes são remédios amargos que precisam ser tomados de nariz fechado.
Tenha um bom dia, Fábio.

Fábio Murilo disse...

...Um dia, a monotonia
Tomou conta de mim
É o tédio
Cortando os meus programas
Esperando o meu fim...

Tédio!
Não tenho um programa
Tédio!
Esse é o meu drama
O que corrói é o tédio
Um dia eu fico cego
Me atiro deste prédio...

Lembrei dessa música do Biquíni? Conhece?Não adianta “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. O neg(ocio) é esperar a mudança da maré. Que passe essa entressafra. Ou pensar feito Pessoa, com resignação agradecida: Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.

pscheunemann disse...

O tédio, o tédio... Que fenômeno desagradável e ao mesmo tempo necessário. É como ter de assistir uma árvore crescer lentamente, e ser surpreendido por cada floração que dura apenas dois dias, interrompendo o intervalo. Até que chegue o momento pleno de maturação, pra que a copa cheia e florida da árvore nos arrebate. Os intervalos são longos, mesmo quando duram menos que a realização, e nisso o tempo faz questão de ser relativo; uma hora de tédio parece uma vida de espera enquanto se espera, mas basta um relance da beleza que desabrochou durante a espera, para que valha-nos ter tido duas vidas. De modo que, poderíamos dizer que o tédio e o inter-tédio são contínuos, os quais nos obrigamos intervalar apenas por estarmos presos ao tempo...

Muito interessante como você construiu o edifício do tédio nesse poema, incrível! Apesar das imagens revelarem sempre a tortura da espera, vejo implícito em cada caminho à esmo uma chegada, de coluna em coluna um prédio feito, no fim da madrugada a manhã, e depois dos instrumentos do ócio a paz de ler um poema completo.

Abraço Fábio!

Fábio Murilo disse...

Poxa!... Acrescentar mais o que nesse comentário/crônica/poema. Apenas dizer que você diz tudo é mais alguma coisa. Gosto de sua visão clinica, toda pessoal, a dissecar as entranhas do poema, como um cirurgião, e a se deter, paciente, em cada detalhe, particularidade, a descobrir coisas que eu mesmo não tinha notado. Muito me honra sua visita Paulo e o poema agradece.

Felicidade Clandestina disse...

bonito, Fábio.
obrigada pela visita lá no Reino :)

abraço!

Fábio Murilo disse...

Obrigado moça. Aproveitei, visitei outra vez seus Blog's. Digo com sinceridade, excelentes, está de parabéns! Adorei!

Mente Hiperativa disse...

PERFEITO. Sem mais.

Abraço

Mente Hiperativa disse...

A propósito, nasci em 87!

Fábio Murilo disse...

Ir... você notou?! Quase!!! Essa mania de datar os poemas... (rs...). Só falta você ma chamar de tio. (rs...).

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