O tédio é um prédio
De muitos andares
E muitos pilares
A sustentar-lhe o peso.
É um caminhar a esmo
Por uma estrada empoeirada.
É a angustiada solidão
Que predomina nas madrugadas.
É um medieval instrumento de tortura
Que me tritura os ossos
E se perdura em ócios.
Fábio Murilo, 10.09.87
Ilusão
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Eu quero dizer tantas coisas, eu preciso,
Para aliviar essa ânsia que agora me consome.
Essa ansiedade, saudade, que sufoca meu peito, não é maldade...
É ...
Há 6 anos
23 comentários:
Gosto do ócio. Me faz pensar.
beijos!!!
O "contra-verso" é verdadeiro:
"O tédio é um prédio
De muitos andares
E muitos pilares
A sustentar-lhe o peso."
eu o sustento tanto quanto ele me equilibra.
grande trabalho!
Já ouvi falar sobre isso, que na vida tudo é uma questão de equilíbrio de bem administrá-la. Obrigado Bruno.
Muito bom. Ser de 87 e parecer que foi de ontem é prova de qualidade.
Pois é cara, mas foi um dia desses, até parece que foi ontem (rs...). Valeu Fred.
87?
Tão atual.
Muito bom, como sempre.
Abraço
Obrigado João. Bondade sua.
Tédio encaminhado, endereçado, compartilhado.
Gostei da correlação de tédio a um prédio com andares e pilares. Um salve aos intervalos da vida!
boa semana!
É. Há ócios e ócios. Obrigado pela visita Janice.
A prova que a poesia nem esta morrendo e nem morreu.
Nos intervalos da vida, agora venho passear por aqui.
Beijos moço
Penso que essa sensação, esta apatia, está ligada ao desejo, ao sempre esperar algo além, a vontade de sempre possuir mais. Os Hindus dizem que a causa da nossa infelicidade é o desejo, é não se conformar com o essencial, dai a aparente indolência daquele povo. Daí nossa sensação de vazio.
Mas ainda assim o tédio não matará a poesia, ela reage na voz dos poetas loucos. Meu abraço.
Com certeza! No meu caso, até virou uma. Obrigado J.F.S
Pois é. Que cara pessimista sou eu. Talvez hoje, se pudesse, poria outro título, menos contundente, um nome neutro, ao menos, mas fica como um sinal de alerta. A poesia não morreu, saiu dos livros, qual fênix teimosa, se virtualizou, ficou mais elegante, mais modernosa e agora é que tá voando mais alto. Valeu Garota Dourada, sempre que tiver um tempinho, um intervalo na vida, pode passar por aqui, é sempre bem vinda.
Tente não atirar-se de cima dele!
O tédio e o óssio as vezes são remédios amargos que precisam ser tomados de nariz fechado.
Tenha um bom dia, Fábio.
...Um dia, a monotonia
Tomou conta de mim
É o tédio
Cortando os meus programas
Esperando o meu fim...
Tédio!
Não tenho um programa
Tédio!
Esse é o meu drama
O que corrói é o tédio
Um dia eu fico cego
Me atiro deste prédio...
Lembrei dessa música do Biquíni? Conhece?Não adianta “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. O neg(ocio) é esperar a mudança da maré. Que passe essa entressafra. Ou pensar feito Pessoa, com resignação agradecida: Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.
O tédio, o tédio... Que fenômeno desagradável e ao mesmo tempo necessário. É como ter de assistir uma árvore crescer lentamente, e ser surpreendido por cada floração que dura apenas dois dias, interrompendo o intervalo. Até que chegue o momento pleno de maturação, pra que a copa cheia e florida da árvore nos arrebate. Os intervalos são longos, mesmo quando duram menos que a realização, e nisso o tempo faz questão de ser relativo; uma hora de tédio parece uma vida de espera enquanto se espera, mas basta um relance da beleza que desabrochou durante a espera, para que valha-nos ter tido duas vidas. De modo que, poderíamos dizer que o tédio e o inter-tédio são contínuos, os quais nos obrigamos intervalar apenas por estarmos presos ao tempo...
Muito interessante como você construiu o edifício do tédio nesse poema, incrível! Apesar das imagens revelarem sempre a tortura da espera, vejo implícito em cada caminho à esmo uma chegada, de coluna em coluna um prédio feito, no fim da madrugada a manhã, e depois dos instrumentos do ócio a paz de ler um poema completo.
Abraço Fábio!
Poxa!... Acrescentar mais o que nesse comentário/crônica/poema. Apenas dizer que você diz tudo é mais alguma coisa. Gosto de sua visão clinica, toda pessoal, a dissecar as entranhas do poema, como um cirurgião, e a se deter, paciente, em cada detalhe, particularidade, a descobrir coisas que eu mesmo não tinha notado. Muito me honra sua visita Paulo e o poema agradece.
bonito, Fábio.
obrigada pela visita lá no Reino :)
abraço!
Obrigado moça. Aproveitei, visitei outra vez seus Blog's. Digo com sinceridade, excelentes, está de parabéns! Adorei!
PERFEITO. Sem mais.
Abraço
A propósito, nasci em 87!
Ir... você notou?! Quase!!! Essa mania de datar os poemas... (rs...). Só falta você ma chamar de tio. (rs...).
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