sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Fugacidade



O amanhã é abstração, mera invenção humana.
O tempo não se conta, se vive enquanto é tempo.
Quebra a rotina como quem derruba da mesa
Ao chão um valioso vaso de porcelana chinesa.
Como quem não tem senões, senão certeza.
Já que a vida é areia, grão, aragem, ocasião.
Sal na mão presunçosa, que se dissolve na água,
Quando na água é mergulhada a mão.
Diz a palavra agradável a quem tu gosta,
Enquanto a tem por perto, pois incerto a tem.
Toma a decisão necessária, todo arranhão sara,
Oportunidade é coisa rara, não espere repetição.
Inventa, tenta a resolução acertada, a revolução.
Que o rumo da vida se muda até num segundo.

 Fábio Murilo, 27.02.2015

47 comentários:

Carol Russo S disse...

O engraçado dos teus poemas é que sempre têm uma questão muito forte: o tempo. E quando a gente lê parece que durou tanto, mas tanto tempo que quando termina de ler parece que foi super rápido, tipo um paradoxo, sabe? Como se fossem a vida... Enquanto a gente é jovem, acha que é pra sempre, espera demais para envelhecer, quando envelhece, percebe que tudo passou rápido demais.

Shirley Brunelli disse...

Vivemos em função do tempo e, no entanto, o tempo não existe...O tempo é criação da mente humana. Einstein pode explicar rs.
Gostei do poema, Fábio.
Beijos!!!

Vanessa M. disse...

Belo poema, aborda nossa realidade de uma forma sensível e poética..
Às vezes assombro-me com esta questão da fugacidade da vida. Realmente, nossas vidas são demasiado breves para permitir-nos desperdiçar oportunidades, ou arrepender-nos de decisões que tomamos..

Parabéns pelos seus escritos, Fábio. Sempre me leva a refletir!
Um grande abraço

Cidália Ferreira disse...

Um texto que nos mostra uma realidade dp dia a dia, com tendência a piorar.
Belo texto.

Bom sábado, beijo

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Girotto Brito disse...

"Diz a palavra agradável a quem tu gosta,
Enquanto a tem por perto, pois incerto a tem."

Muito bom! Belo poema.

Meus blogs literários:
O Poeta e a Madrugada (Contos e Poesia)
Dark Dreams Project (Contos de suspense e terror)

Abraços!

Laura Santos disse...

O amanhã pode não existir. Só o presente existe e passa veloz. Precisamos dar esse murro na mesa, e agarrar o instante que passa, não deixando gestos por fazer, ou palavras por dizer. Revolucionemos, desassombradamente as nossas atitudes.
Um belo poema sobre a urgência da vida!
xx

Vitor Costa disse...

Incrível a sua capacidade de tecer rimas tão orgânicas e precisas, parece que nasceram para estar ali, que o poema já nasceu pronto, nasceu adulto e maduro.
Um poema extremamente sábio e importante Fábio, que todos deveriam ler diariamente para recordar da efemeridade da vida perante a indiferente do tempo.
Perfeito!
Abraços caro.

Si Lima disse...

É algo que me assombra todos os dias, como se eu não conseguisse me acostumar com o tempo a voar, sem paixões, apressado demais, cheio de si, egoísta comigo...
Teu poema é lindo. Você tem um dom lindo, Fábio. E sabe disso!

Beijoo'o

Anderson Lopes disse...

O tempo que escorre entre os dedos...
Poema cheio de verdades!

Evandro L. Mezadri disse...

Realmente a vida passa em um piscar de olhos, devemos vivê-la intensamente, aproveitando cada instante por mais que pareça insignificante! Nós devemos fazer nosso tempo!
Ótima poesia, Fábio!
Grande abraço, sucesso e ótima semana!

Maria Rodrigues disse...

A vida é mesmo fugaz, há que vivê-la o melhor que conseguirmos.
Belo poema.
Beijinhos
Maria

linksdistodaquilo disse...

Gostei muito de ter passado por aqui. Vou ficar.
Beijo.
Nita

Samuel Balbinot disse...

Bom dia Fábio.. uma bela abordagem..
tema este que muitas pessoas não se tocam ou pensam a respeito.. fogem de si mesmas todo dia.. uma pena que esteja desde jeito.. mas a lei sabe o que faz.. abraços

Caleidoscópio de Idéias disse...

Esquecer isto é um dos grandes problemas da humanidade, deixar passar o agora sempre pensando no amanhã e quando este chega, a vida se foi...
Ótima mensagem com um poema bem construido.
beijos.

Helen Ferreira disse...

A construção do poema aliado à imagem, fez eu divagar mais do que o normal.

Tais Luso de Carvalho disse...

Como sabemos que tudo é fugaz, ainda tem gente que anche os bolsos e cuecas de dinheiro, pensando comprar o mundo... e ainda não entenderam que pouco farão com ele; não dará tempo de usufruírem o tal paraíso, mas amargarão um inferno ainda em vida - como estamos vendo acontecer...
bjus!

Helena disse...

Ah, se fôssemos senhores do tempo! Se pudéssemos aprisioná-lo num instante em que melhor nos aprouvesse. Mas o tempo passa inexoravelmente e a nada se prende, e esta fugacidade dá ao ser humano uma dimensão inexata que o faz querer dele apoderar-se como se o pudesse comandar a seu bel prazer.
Mas tu, querido poeta, soubeste bem "aprisionar" em belos versos tudo aquilo que o tempo representa, tudo aquilo que ele é. E o fizeste com tanta propriedade e delicadeza, ainda nos brindando com sugestivas rimas, que no momento da leitura nos sentimos aprisionados na tua poesia. Deliciosos os teus versos, momento muito agradável ao te ler!
Que o tempo possa colorir de sorrisos e estrelas as horas do teu dia, meu querido!
Helena

Joana disse...

Boa noite, Fábio!

A sonoridade do teu poema me fez flutuar. A sua profundidade, refletir. Parabéns!

Milene disse...

Sinto um frio na barriga quando penso que o amanhã pode não chegar, nem mesmo os minutos que virão, se vamos chegar . Tudo tão frágil e bonito ao mesmo tempo. E vamos vivendo na ilusão conscientes dela. Um abraço Fábio

Fábio Murilo disse...

Interessante, Shirley, vou ler mais a respeito. Obrigado, beijos!

Fábio Murilo disse...

É, o tempo sempre tem sido em minha vida uma preocupação constante, Carol. Como uma preocupação em aproveitado intensamente. Interessante a analise que fez do meu poema e a analogia com o tempo. Menininha esperta, mas tu é madura, hein? Obrigado. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Vane, ótimo comentário. Verdade. Abraços.

Fábio Murilo disse...

Será, Cidália? Nem tanto assim. Rs. Nessa questão do tempo depende de nós. Obrigado. Beijos.

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Dênis. Abraços.

Fábio Murilo disse...

Muito verdade, Laura, o que disse. É, acho que só assim, "dando um murro na mesa" Tomando decisões enérgicas assim de repente, indo com medo e tudo, desassombrando, para romper a camisa de força de rígidos pragmatismos, dos filtros da realidade. É difícil, mas não impossível, tudo pode mudar num segundo, como disse. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

Deixou-me sem palavras, Vitor. Somou. Observações interessantes sobre o poema, gostei imensamente de sua analise. Abraços!

Fábio Murilo disse...

É algo que realmente nos assusta, Si, mas ao mesmo tempo nos dá essa dimensão da responsabilidade que temos com os outros e com nós mesmo, maiores interessados. O tempo não passa rápido, é mal aproveitado, já disse noutro poema, é por ai, acredito. Beijos!

Fábio Murilo disse...

É a mais pura verdade, Anderson. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

Penso, exatamente, assim também, Evandro. Nós somos o piloto. Obrigado, abraços!

Fábio Murilo disse...

É mesmo, Maria, obrigado. Beijos.

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Nita, venha mais vezes. Agradeço a visita.

Fábio Murilo disse...

É mesmo, Samuel, sumido? Rs. Não adianta fugi, o tempo atropela e segue inexoravelmente. O jeito é aproveitar do melhor jeito esse dom da vida, que todos os dias nos convida. Abraços.

Fábio Murilo disse...

É isso mesmo, Lu. A turma vive como se fosse viver para sempre, maior vacilo. Obrigado. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Que bom,Hellen. O texto cumpriu seu objetivo. Obrigado.

Tais Luso de Carvalho disse...

desculpe, é "enche" os bolsos e cuecas...
bj

Fábio Murilo disse...

Obrigado por tão amáveis comentários, Helena.

Fábio Murilo disse...

Faz tempos que não aparece, poetisa. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

"Tudo tão frágil e bonito ao mesmo tempo. E vamos vivendo na ilusão conscientes dela." Lindo o que disse. De repente é isso que motiva a vida, a dar valor aos instantes vividos. Obrigado, Milene.

Fábio Murilo disse...

É mesmo,Tais. Como diz a musica de Roberto Carlos, "É preciso saber viver". Obrigado, beijos! O que? Aonde? Não tinha nem notado, tu hein? rs... Beijos!

Luria Corrêa disse...

Li num ritmo rápido por ocasião do gif, como se eu estivesse percorrendo as ruas em alta velocidade e uma voz sussurrasse atrás de mim. Mas depois, de repente A day in the life dos Beatels me veio à cabeça e voltei e li tudo devagarinho, como me cabe a música.

Fica a indicação em retribuição às palavras espetaculares:
https://www.youtube.com/watch?v=pPSR9K7tzPc

Beijo!

Uma Alma Poética disse...

O amanhã está nas mãos de Deus, tudo na vida passa, devemos aproveitar o bons momentos e deixar fluir td para o bem.Existe as ilusões da vida, mas por uma lado, as ilusões podem ser um sonho bem guardado no fundo do coração. Gostei imensamente. Estarei te seguindo Ok
Fábio tenha um bom final de semana. Abraços
Nati

Franciéle Romero Machado disse...

Refletir sobre o tempo pode ser uma loucura demasiada, uma coisa que tentamos e tentamos compreender. Sua reflexão é válida, pois este amanhã não é algo certo de ocorrer. O que temos de verdade é o agora e nossas decisões vamos deixando para depois... Só de pensar na ideia de poder não haver o amanhã me agonia. Pelo fato de sempre termos algo por terminar, algo não do trabalho, faculdade...e sim algo abstrato (uma palavra, um perdão, um eu te amo, um abraço) e que pode ficar ali só no abstrato e nunca de fato acontecer. Seu poema me fez refletir muitas coisas, tanto que pude observar várias coisas que até me motivaram a escrever. Claro que sobre outro tema, mas é como se fosse uma conexão poética.

Abraços poeta e um bom final de semana! :D

[postei um novo poema no blog, convido-o para ver]

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Uma, tem razão. Abraços.

Fábio Murilo disse...

Obrigado pelo super comentário inspirado, Franciele. Somou. Abraços!

Fábio Murilo disse...

Ah, você é Bitomaniaca mesmo, rs... Legal essa musica que indicou, ficaria ótima como musica de fundo, conferi. Obrigado, Luria, beijos!

JAIRCLOPES disse...

Soneto-pastiche
O tempo

O tempo não é amanhã, nem ontem, é agora
Tempo não se conta, se vive apenas na hora
Se você conta ou marca, ele nem sequer liga
É mero passatempo, muito menos que intriga.

Tempo é tal como quem não tem algum senão
Já que pra ele nossa existência é apenas areia
Que escoa brevemente da inelutável ampulheta
Enquanto na vida, a ceifadeira o tempo semeia.

Dizem pois que o tempo não liga se você gosta
Enquanto existir, não chame o tempo, ele vem
E pensar na eternidade nunca será boa aposta.

Oportunidade é coisa rara, não seja dela refém
E pouco interessa perguntar sem uma resposta
Pois, no fim, sabemos que não somos ninguém.

Fábio Murilo disse...

Excelente seu soneto, Jair, somou.

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