sexta-feira, 6 de março de 2015

Depois de Tudo...


Estão tratando o homem velho
Como um bicho de jardim zoológico.
Um redivivo animal pré-histórico.
Um incurável moribundo.
Com toda pena do mundo.
Como um desajuizado menino
De cabelos brancos.

Jogaram o velho homem fora,
Como se fora um pacote de lixo.
Sentenciaram-no ao desprezo por inútil.
Entulharam no porão das coisas imprestáveis.
Subestimaram-lhe, inibiram-lhe...
E lhe deram uma cadeira de balanço,
Como prisão.

Fábio Murilo

41 comentários:

Vitor Costa disse...

Soturna realidade Fábio, que você captou com excelência por meio das suas palavras. Os idosos devem ser muito valorizados, pois são uma fonte abundante de conhecimento e experiência que pode ser muito útil aos jovens perdidos de agora.

Parabéns amigo! Grande Abraço!

Anônimo disse...

... Infelizmente a realidade é essa,
Os idosos são abandonados e até maltratados por pessoas sem um pingo de amor no coração. Algumas pessoas quando se tornam muito idosas, são como crianças, necessitam de cuidado, carinho e atenção... Mas nem sempre encontram esse alento.

Muito interessante seu poema Fábio!

Patrícia Pinna disse...

Boam dia, Murilo.
Na maioria das vezes, essa é a nossa grande realidade, infelizmente.
Isso acaba começando nos lares ondes o idoso recebe mau tratamento como se fosse a escória, como se não tivesse sustentando seus familiares, estado presente.
Hoje, quando é a vez dele de precisar, é ignorado
Isso o é pela sociedade, pela saúde, pelo Governo de uma forma generalizada, a começar pala aposentadoria medíocre que recebe tendo contribuído com uma vida de trabalho.
Salvo são os casos em que as famílias compreendem e amam os seus idosos e cuidam dele, tampouco o aprisionam.
Meu avô tem 93 anos e é lúcido, livre. e todos aqui em casa cuidam dele.
Claro que não somos perfeitos, mas temos de honrar a dádiva de termos um avô, o único idoso que nos sobrou, além do nosso padrasto, que também recebe cuidados igualmente.
Todos os que desprezam os idosos, se um dia chegarem lá, quero ver como eles serão.
Atitudes simples fazem uma diferença incrível: uma conversa, um pouco de atenção, o ceder o lugar no ônibus, enfim... respeito.
Uma vez tinha um senhor no ônibus em pé, que eu vi, quando homens jovens sentados estavam.
É um direito deles o assento, não só o preferencial.
Será que as pessoas não têm consciência?
Muito bom o seu poema, poderia eu ficar aqui um tempo imenso falando sobre, rs.
Tenha um fim de semana de paz.
Beijos na alma e parabéns.
Andas numa fase poética divina!



Si Lima disse...

Que tristeza quando o velho sábio é preso ou largado por mãos com o mesmo sangue e pelo mundo que ele ajudou a construir.
Tuas palavras sempre tocam. Sempre!

Bjo'o

Teresa Brum disse...

Triste realidade querido Fábio.
Você poetisou sabiamente.
Um abraço e bom final de semana.

Wildeman disse...

Fico pensando em como a nossa geração envelhecerá.

Shirley Brunelli disse...

O tempo não poupa ninguém... Muitos não não sabem que estamos todos no mesmo barco.
Fábio, beijo e ótimo sábado!

Luria Corrêa disse...

E quando envelhecermos?
Repetindo as palavras do Douglas, acima: "Fico pensando em como a nossa geração envelhecerá."
Eu esperava que todos nós enxergássemos nosso futuro naquilo que negligenciamos tantas vezes.
Tantas histórias a serem contadas que se perdem pelos caminhos da vida que conduzem ao desinteresse. Chato.

Boa semana, Fábio!

Laura Santos disse...

Poesia também é isso; ter consciência social, e servir de alerta, porque no fundo será um dia, se não morrermos entretanto, a nossa própria condição.
Esta sociedade da "beleza" e do fitness, chutou para canto os velhos, donos de experiência de vida e de sabedoria. Como se a idade e as rugas, e certas fragilidades que surgem com a idade, fossem mais importantes do que um ser humano vivido e com imensas históricas para contar, e ensinar.
Gostei muito. Os velhos seremos nós.
xx

Caleidoscópio de Idéias disse...

Quando algum idoso puxa assunto comigo consigo perceber o quão carentes são em sua maioria, anseando que alguém queira ouvir pelo menos um pouco de tanta coisa vivida, de tanta experiência muitas vezes ignoradas pelas pessoas próximas... Tanto se falam de crianças carentes, mas poucos percebem os idosos que carecem de atenção também.
Parabéns por essa ótima crítica poética.
beijos.

Carol Russo S disse...

Fábio, por que você não colocou a data em que escreveu o poema?

Sou sempre repetitiva quando venho aqui, dizendo que tu é magnífico e os teus poemas maravilhosos, mas é que realmente são.

De que o mundo precisa? De mais olhares assim, como os teus, que enxergam nessa parcela tão valiosa da população uma carência, um pedido de socorro, um gesto de carinho, amor. E que mesmo em um poema tão profundo e, como tu mesmo disse, pesado, conseguiu passar da forma mais singela uma mensagem linda: nós precisamos passar a ter esse olhar que tu tem, precisamos dar mais amor.

Parabéns pela sensibilidade e pela foto que foi de ótima escolha. Deu um toque todo especial para o poema. Olhares dizem mais do que palavras, mas estão competindo em pé de igualdade, foto e poema.

Beijo carinhoso.

Ariana Coimbra disse...

Ao ler teu poema me lembrei de um episódio triste que aconteceu recentemente na cidade que moro. Dois rapazes deram carona pra um senhor cego de 86 anos e torturaram ele psicologicamente e ate o ameaçaram de morte.
Ta faltando muito respeito e empatia. Sera que pessoas como do caso citado acima querem morrer novos? Sera que achariam bom se fizessem isso com os pais deles o avôs?
Um sorriso e um bom dia para quem já viveu muito faz toda a diferença.
Belo poema, como sempre!

Beijos

Uma Alma Poética disse...

Boa tarde, Fábio

Um idoso contribuiu com todo o seu esforço e amor para os filhos, netos e para a Nação, é um descaso o que fazem com os idosos. Lamentável. Ele tem que ser respeitado com qualquer cidadão que já deu toda sua contribuição.

Gostei amigo!!
Abç
Nati

Tais Luso de Carvalho disse...

Fábio, em países cuja o povo é culto, que têm outros valores, isso não acontece. É mais dos países pobres metidos à besta, como o nosso, por exemplo, No Japão, os idosos são quase idolatrados pela sabedoria que adquiriram. Onde há respeito, educação e cultura, é difícil ver o que você fala muito bem em versos. Aliás, comove. E temos de assistir certas barbáries com frequência pela televisão.
Tanho uma pena enorme dos velhinhos, no fim de suas vidas, onde deveriam ter amor, cuidados, recebem isso... e olhe, não são só pobres! Conheço gente de grana que é tratada sem nenhuma consideração, e pelos filhos!
Beijo!

Girotto Brito disse...

Muito bom, Fábio! Me fez lembrar de um poema que escrevi há algum tempo retratando a velhice:

TALHADOS NO TEMPO

Das mãos, cheias de calos,
Floresce a história do seu trabalho
Escorre-lhe o suor sagrado
Dos dias talhados no tempo

No rosto, cheio de marcas,
Sinais das batalhas de outrora
Não como estas de agora
Que a compreensão ignora
Mas como já fizera antes
Nos tempos de tantas amantes

Da voz, já quase inaudível,
Ouve-se palavras amigas
Embora um tanto sofridas
Pelas quedas da vida

No peito, cheio de compaixão,
Um coração ressoa vacilante
Não como ressoava antes
Nos tempos de tantas amantes
Mas como ressoa agora
O coração vacilante.

A poesia é, talvez, a forma mais sensível e doce de conscientizar as pessoas sobre os valores universais do homem. Parabéns, poeta, gosto muito do seu trabalho.

Meus blogs literários:
O Poeta e a Madrugada (Contos e Poesia)
Dark Dreams Project (Contos de suspense e terror)

Abraços!

Fábio Murilo disse...

Falou com a autoridade de jovem super gente fina, educado e sensível. É isso mesmo, Vitor. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

É isso que muito comumente acontece, Fê. As vezes são até jogados num asilo e esquecidos. Triste isso. Obrigado. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Tenebroso esse cenário pro você traçado, triste. E o vô Dick, 93 anos de pura lucidez. Também, tão bem cuidado, tratado a pão de ló, rs... Ai! Vozão! Tá certo! Falou bem, todos ficarão idosos e não pensam nisso, isso é, se conseguirem. Poxa tá gostando das poesias?! Obrigado. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Pois é, Simone, muito triste! Beijos!

Fábio Murilo disse...

Sem duvida, Maria, triste realidade. Abraço.

Fábio Murilo disse...

Pois e. Se envelhecer. Obrigado, Douglas.

Fábio Murilo disse...

É, Shirley. O tempo é inexorável em sua implacável passagem. "Não apita na curva, não espera ninguém. Obrigado e beijos!

Fábio Murilo disse...

Muito verdadeiro o que disse, Luria. Como diz Nelson Rodrigues: "Jovens, envelheçam" Obrigado.

Canal Cereja disse...

Já me questionei quanto a velhice, mas só entendi que velho é um estado de espirito e a nossa matéria infelizmente é o reflexo de um caos. Reflexivo isso...

Fábio Murilo disse...

Pois é, Marcos. Triste isso. Obrigado pela visita.

Fábio Murilo disse...

É. Dizer mais o que... Disse tudo. Obrigado, Laura.

Anônimo disse...

Nossa que linda poesia! ( e a foto que ilustra o post também )
Essa é uma dura realidade da vida de muitas pessoas ao envelhecerem...infelizmente...
Bjus Fábio

http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/

Fábio Murilo disse...

"Tanto se falam de crianças carentes, mas poucos percebem os idosos que carecem de atenção também." Muito bom! Que tirocínio menina! Gostei! Beijos!

Fábio Murilo disse...

Poxa, bondade sua, Carol. Obrigado. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Exato boa moça, Ariana. Bastaria "Ama ao próximo como a nós mesmos", porque isso é tão difícil pra esmagadora maioria. Simples seria viver assim, ai está a base de toda bondade de toda religiosidade. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Apoiadíssimo, Uma! É isso mesmo. Obrigado!

Fábio Murilo disse...

Triste isso, Tais. Interessante citar essa questão cultural. Obrigado. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Ótimo, Dênis Girotto, seu poema. Concordo com o que disse sobre o que sobre a poesia, muito bem pensado. Abraços!

Fábio Murilo disse...

Conclusão Madura, Nanda. Obrigado pela visita.

Fábio Murilo disse...

É, isso é triste, Lilly. Muito triste. Obrigado, Beijos!

Fénix disse...

" Sentenciaram-no ao desprezo por inútil./ Entulharam no porão das coisas imprestáveis./ Subestimaram-lhe, inibiram-lhe.../ E lhe deram uma cadeira de balanço,/ Como prisão." Adorei estes crueles versos.

JAIRCLOPES disse...

Soneto-pastiche
Ao velho

Quando se abandona o homem na velhice
Como objeto de museu ou um cão vira lata
É como se o arquivo humano se destruísse
Numa burra e mesmo energúmena bravata.

Vê a sociedade no pobre velho, um menino
Talvez irresponsável, até impúbere também
Sem que esta lhe atribua seriedade, imagino
De cabelos brancos e pele enrugada porém.

Como animal deslocado que não tem nicho
O velho descartado é carta fora do baralho
O qual é ignorado, dele se fala em cochicho
So lhe davam valor quando curtia o trabalho.

Deve ser horrível ser tratado como um bicho
Nesta estrada da velhice que não tem atalho.

Fábio Murilo disse...

Obrigado pelo comentário/soneto. Jair. Perfeito!

JAIRCLOPES disse...

Acróstico

Aos grandes poetas de tempos idos
Poetas que escreveram belas letras
Onde havia nos versos algum sentido
E quando criar poemas não era treta.

Só que agora a poesia é moribunda
Insistem poetar os medíocres apenas
Assim na lírica, mediocridade inunda
E as criações tornaram-se pequenas.

Sem saber fazer, até eu versos faço
Tentando ser um simulacro de vate
Átimo de talento nem sequer o traço
Minimamente umas rimas pois retrate.

Ora, quando falecer essa tal poesia
Riremos do que, me pergunto então
Riso, alumbramento e mesmo alegria
Encontrarão o fim, para o buraco vão.

Nessa estrada triste, nessa triste via
Dores, contrariedades e males virão
Ou agora apenas a existência vazia.

Fábio Murilo disse...

Obrigado,Fénix, a quanto tempo! Abraços!

Fábio Murilo disse...

Que legal, Jair, obrigado. Seu talento e domínio da métrica é impressionante. Parabéns e obrigado.

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