sexta-feira, 1 de abril de 2016

Gris


Os olhos subversivos, incisivos,
Esmeraldas, esmerados, da moça,
Escandalosamente verdes, me salve.
Sentado a beira mar as três da tarde
Só voltarei as seis, nem ai, iodado,
Alvorecido, reabastecido, vivido,
No ônibus lotado, na hora do “rush”
De corpos exauridos, sugados,
Cuspidos, purgados, abatidos,
Suados, resquícios, fedidos,
Náufragos, entediados, vencidos,
Ansia(dores) de feriados.

Caminhar no centro da cidade
Na chuva, como no tempo
Que não havia necessidade
De matar o tempo, de passatempos
Pra adiantá-lo, pra passá-lo.
O tempo era nosso amigo, aliado,
Que não se sabia de horas
aprisioná-lo um dia, como agora,
Em folhas de calendários.

(Fábio Murilo, 01.04.2016)


35 comentários:

Sara com Cafe disse...

liberdade de pensamento, de vontade, de desejo. liberdade para dentro de si!

Cidália Ferreira disse...

Maravilhoso, o teu poema! Adorei mesmo..

Bom fim de semana
Beijo

Coisas de Uma Vida 172

Pensamentos Com Asas disse...

Sem palavras... muito lindo!
Tenha um lindo dia anjo.
Beijos!

Evandro L. Mezadri disse...

Muito bom, Fábio!
Realmente nós assassinamos o tempo, ele era nosso grande aliado e olha o que fizemos com ele...
Uma das melhores obras que li por aqui.
Grande abraço, sucesso e ótimo domingo!

Cidália Ferreira disse...

Maravilhoso poema.
Adorei

Beijinhos, bom Domingo..

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

aprisionamos tanto nas folhas do calendário...
um poema acutilante e muito actual.
gostei!
bom domingo!
beijinhos
:)

alfacinha disse...

Que escrito lindo.
abraço de amizade

julieta disse...

Olá,
Hoje ninguém mais para um minuto sequer pra observar o que está a sua volta. Sinto saudades de poder parar um pouco e contemplar as bonitezas da vida; olhar a lua, as estrelas, ver quem realmente está do nosso lado.
Gostei :)
Um abraço,
http://juliet-in-crisis.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Fábio você é um grande escritor. Seus escritos estão cada vez mais interessantes!

Beijos!

Laura Santos disse...

Um magnífico poema!
Tornámo-nos escravos do tempo, retalhando-o ao limite,esquecendo-nos da liberdade propiciada pelo vagar de olhar ao redor observando a beleza que nos é ofuscada no corre-corre do dia a dia. Não se vive, apenas se sobrevive.
Excelente, poeta!
xx

Tais Luso de Carvalho disse...

Que bom se não tivéssemos relógio! Se não tivéssemos hora para almoçarmos e sim quando a fome batesse. Mas é querer demais para um mundo capitalista, que gira em torno do tempo, do ganhar, do lucrar. Temos de trabalhar 8 horas (a maioria) por dia e fim de sonho! Mas valeu a crítica, mexeu com nossas vontades...
beijos!

Cadinho RoCo disse...

Bela extração da inspiração.
Cadinho RoCo

Vera Lúcia disse...

Olá Fábio,

Como sinto saudades do tempo que parecia que tínhamos todo o tempo do mundo, desfrutando-o, sem pressa, em contemplação, observação, ou aproveitando-o ao máximo nos belos momentos. Hoje em dia, com a modernidade, veio também a correria, o estresse e o desassossego diante do rolar dos ponteiros do relógio.
Um poema muito bem conseguido. Parabéns!

Abraço.

Suzete Brainer disse...

Que Poema Grandioso!!

A poesia no olhar (do Poeta) que a desnuda na
realidade crua e povoada.
Mas, distante deste real sofrível, o olhar
encontra o passado no sonho de liberdade
pousado de memória!...
A imagem perfeita para o poema, Fábio.
Abraço.

Jaime Portela disse...

Um olhar poético e radiográfico do quotidiano.
De onde resultou um excelente poema.
Bom fim de semana, caro amigo Fábio.
Abraço.

Cadinho RoCo disse...

Já de volta grato por sua ida e comentário lá no Cadinho
Cadinho RoCo

Fábio Murilo disse...

Pois é, é isso mesmo,Sara, abraços!

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Cidalia. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Marcos. Abraços.

Fábio Murilo disse...

Obrigado, muito fofa,rs. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Poxa, obrigado, poeta maior, fico lisonjeado. Abraços!

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Cidalia. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Pois é, é isso, infelizmente. Beijos, Sol.

Fábio Murilo disse...

Obrigado, rs.

Fábio Murilo disse...

Obrigado pelo comentário inspirado, Ju. Abraços.

Fábio Murilo disse...

Obrigado, companheirinha, tudo é um doce. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Isso é mesmo, Laura, somou. Obrigado pelos sempre pertinentes comentários. Abraços.

Fábio Murilo disse...

Disse tudo, e síntese é isso que está escrito, Tais. Beijos!

Fábio Murilo disse...

Obrigado. Abraços!

Fábio Murilo disse...

É mesmo, Vera. E o tempo passa maia rápido depois que crescemos, que temos a noção de tempo e espaço. Que nos tornamos cidadãos sérios e responsáveis, que não perdemos tempo, tempo pé dinheiro. Abraços!

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Suzete, analisou bem. Abraços!

Fábio Murilo disse...

Gostei na analise, Jaime. Obrigado e abraços!

Fábio Murilo disse...

De nada, foi um prazer. Abraços!

MARILENE disse...

Uma crítica poética que envolve tempo, luta, busca, necessidades...
O tempo da paz perdemos quando a vida nos chama e de ninguém mais podemos depender. A correria se impõe e a cada dia nos envolvemos nela sem poder observar a beleza das horas perdidas. Abraço.

Fábio Murilo disse...

Excelente comentário, Marilene. Obrigado. Abraços!

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