sexta-feira, 12 de abril de 2013

As Sem-razões do Amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

4 comentários:

Arnaldo Leles disse...

Drummond... sem comentários.
Assim é a poesia. Ela é.
Só isto!

Gosto muito do seu trabalho Fábio.
Um forte abraço!

Fábio Murilo disse...

Obrigado. Não desista Poeta.

Anônimo disse...

Lindo...

Fábio Murilo disse...

É mesmo, Fê. Sempre versátil Drummond. Obrigado.

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