sábado, 6 de abril de 2013

Sobre um Rosto na Camisa

O olhar severo e belo 
De uma dignidade cativante. 
A fronte de um homem resoluto, 
A fixar o horizonte, 
Como a procurar em vão 
Aonde vão seus limites. 
A memória a se contorcer involuntária, 
Feito a cauda extirpada de um réptil, 
O semblante intrigante 
A preservar, naturalmente, seu culto. 

Surpreendentemente vivo, 
Como um germe latente 
No inconsciente coletivo. 
No corpo adolescente 
Dessa geração Shopping Center. 

Fábio Murilo, 28.05.2003

4 comentários:

Larissa Bello disse...

Seu poema traduz bem o retrato dessa nossa pós-modernidade. Che Guevara estampado em camisas vestidas por pessoas pseudo rebeldes de uma sociedade vorazmente consumista. E assim caminha a humanidade!

Bjos

Fábio Murilo disse...

É, agora você levantou uma questão interessante: Será que o Che Guevara estampado na camisa, não é apenas um modismo, uma grife, uma febre consumista, uma estampa inócua sem maiores pretensões? Ou um germe latente, como eu proponho, um sonho, uma ânsia de liberdade, ainda que não se reconheça, dispersa, sem rumo, sem um guia carismático. Será Larissa, eis a questão?

Alysson disse...

Triste "geração Shopping Center"...

Fábio Murilo disse...

Pois e Alysson, geração Shopping Center, geração Coca Cola, feito dizia Renato Russo. É como diz um velho ditado, não me pergunte o autor que eu não sei: "O povo é feito o boi, não sabe a força que tem". Com um agravante, o boi é um ser irracional, age por instinto, não sabe calcular realmente, não conhece a dimensão de sua força, o homem não, raciocina, calcula, reflete, podendo assim se mobilizar, interferir nos fatos, no seu destino, no rumo dos acontecimentos. Obrigado por mais uma visita.

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