A negra fragata passa voando
Em pleno perímetro urbano,
Num dia atípico, sol a pino,
Típico inverno nordestino.
Sobre sonâmbulos smartphones,
Filas de bancos, ponto de
ônibus.
Mesas de bares, ébrio
sorrisos.
Gente apressada, preocupada.
Cidadãos ansiosos,
depressivos.
Esbarrando-se no asfalto.
Aglomerado sem rumo,
Povo desinteressante, igual.
Inexpressivos mortos-vivos.
Prisioneiros do imediatismo,
Do presente instante, apáticos,
Nem ao menos um assomo.
Contando os dias, as horas,
O final de semana, do mês,
Do ano, sempre esperando.
Assistindo pelos telejornais
Noticias sazonais, abruptas,
De terremotos, vulcões ativos,
Tsunamis, 11 de setembro,
Meteoro que cai na Rússia...
Despertando-os, pelo menos,
Num átimo de tempo,
Do torpor cotidiano.
Do torpor cotidiano.
Fábio Murilo, 07.07.2015
33 comentários:
Fantástico poema!! Parabéns Fábio.
Bom fim de semana. Beijos
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Maravilhoso! Compartilho com o eu-lírico o sentimento de que, infelizmente, resido em meio a milhares de seres indiferentes, rasos e imediatistas, controlados pela tecnologia (e por desejos que mal sabem de onde vêm) e alimentados pelo pessimismo que louvam.
Muito lindo poema Fábio!!! Parabéns!!
Tenhas um lindo fim de semana!!!
Beijos
http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/
Olá, Fábio, como vai? Criou-se uma cultura do "piloto automático", onde as pessoas parecem viver somente para contar o tempo passando sem vivê-lo, sem sorver a beleza que há na vida. Abraços!
Excelente poema, Fábio!..Amei
Tenha uma excelente semana.
Beijos
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Belo poema, Fábio, no qual você retrata a vida, o cansaço, a alienação das pessoas, que jamais erguem os olhos para ver a lua, o pôr do sol, os pássaros...
Gostei muito, amigo!
Beijo!
Olá Fábio,
Quem dera esta negra fragata voasse mais vezes pelo perímetro urbano para forçar o desligamento, ainda que temporário, de tudo que envolve e distrai o ser humano , provocando-lhes um torpor que lhes rouba o verdadeiro encanto da vida. A realidade dos nossos dias foi muito bem retratada e poetizada por você.
Abraço.
E quantos pássaros voam sobre nós e não percebemos...
Abraço, Murilo!
Onde estão os pássaros, o homem matou, pelo ao menos aqui com os canaviais querendo entrar dentro da pequena cidade. Poesias, causos sentados à noite na calçada não há mais, pois a bandidagem cá chegou e tivemos que gradear tudo.
Aqui não tem tsunami, água só saciar a sede, rios secando e chuva em silêncio.
Uma linda noite para você.
Beijos no coração
A realidade despercebida transformada em poesia. Poesia do cotidiano. Minha preferida!
Eu sou o passaro. Desapego e liberdade.
bom dia, moço
Belíssima construção poética, Fábio.. Contempla de forma sutil uma faceta da triste realidade de nosso mundo contemporâneo.. Suas palavras sempre nos levam a refletir. Gostei bastante!
Um grande abraço..
Boa tarde caro Fábio..
perfeita composição assim como tb já me meti a fazer e falar do que vemos..
tá meio deprimente essa era tecnológica..
e o bicho do mato sou eu depois rsrs
como ouço das pessoas por não ter celular rsrs
abraços poeta
Obrigado, Cidalia. Beijos!
Boa noite, Murilo.
Pois é, Murilo.
Vivemos em um mundo mais do que mecanizado, onde a essência humana parece ter-se perdido e muito.
As pessoas estão ficando mais individualistas e isso não faz bem algum.
Que consigamos viver no mundo contemporâneo sem deixar de sermos nós mesmos, atenciosos e não mergulhados em mares nada efificantes.
Na vida tudo deveria para somar e não dividir.
Tenha uma noite de paz.
Beijos na alma.
Ótima analise/comentário, Larissa. Somou! Seja bem vinda!
Obrigado, Lilly. Beijos!
É, Marcos, há um exagero. Se usados moderadamente, é uma comodidade como outra qualquer. Obrigado.
Ótimo comentário Bia. Acrescentou. Obrigado.
Obrigado, Cidalia. Beijos!
Isso mesmo, Shirley, absorveu direitinho a essência do poema. Beijos!
Quem dera, Vera. Essa negra fragata foi real e descrevi o espaço de indiferença, ao redor. Imagine você uma ave marinha, provavelmente oriunda da ilha de Fernando de Noronha, muito pouco improvável, e o povo nem ai, só eu levantei e acompanhei embevecido, seu surpreendente voo. Abraço.
Exato, Anderson. Nem nos damos conta que tudo pode acabar nua queda de meteoro. Abraços!
Isso mesmo. Falou bonito. Beijos!
Também gosto muito desse pano de fundo urbano, Cabi. Beijos!
Obrigado, Garota.
Obrigado, Vane. Abraços.
Pois é. Celular ata que eu tenho. Prá falar e ouvir. Quase que não ligo, e recebo ligação, coisa mais rara do mundo. Abraços! Mas, tudo usado com moderação é utilíssimo e pratico.
Ótimo comentário, Pat. Obrigado.
A humanidade precisa evoluir muito pra sermos considerados humanos, se é que me entende.
Belo poema!
Beijo
Muito bonito, forte, e continuaremos assim, fúteis e a vida efêmera... E parece que ninguém pensa.
Beijo!
Entendi perfeitamente, escritora, bela frase de efeito. Beijos!
É mesmo, Tais luso. Beijos!
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