sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O Homem Invisível


Penso nos desafortunados da sorte,
Os que esperam da vida que é morte.
Nos que não se dão ao luxo,
Se dão ao lixo.
Passam pela vida sem serem notados,
São inócuos, indiferentes, indigentes.
Povo sem outro objetivo
Que o de permanecer vivo
Como os cães, as flores,
A grama do jardim, a lua na rua...

Falência de gente,
Entulhos de vida,
Sobrevidas carentes.
Não incomodam,
 Nem são percebidos,
Como uma nódoa
No pano encardido.

Fábio Murilo-14.03.2013

32 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Boa noite Fábio!

Amigo, que poema sensível ao meu coração!!

Quantas pessoas há que nem se lembram de quem simplesmente fica feliz com um pão com bolor que encontram no lixo
Quantos há que já foram uns senhores e, de repente se encontram num vão de escadas...
...E quantos há que esbanjam à grande, pq passam a vida a roubar o pequenino... e nem se lembram que os mesmos têm filhos para criar...

Gostei de ler!!
Ainda assim, muitos que vivem na rua, ainda têm um sorriso para oferecer... Coisa que muitos outros não fazem

Poderá não estar em contexto com o tema... mas, amigo foi o que me saiu..

beijinhos

Bom fim de semana.

Vitor Costa disse...

Realmente é soturno pensar nessas inúmeras vidas que apenas sobrevivem e se mesclam ao tom anuviado das calçadas e ruas. Vidas sorumbáticas, que ocasionalmente despertam a atenção, mas que logo caem no esquecimento da sociedade, no atroz abismo das disparidades sociais. Porém, o mais melancólico é pensar que o que separa essas vidas inócuas e indiferentes de outras tantas vidas é apenas as condições financeiras e o status quo.
Parabéns pelo poema tão bem elaborado e pela escolha de uma imagem tão provocante.
Abraços Fábio

Minda Silva disse...

Olá Fabio, tudo bem com você?

Então, hoje vim aqui te fazer um convite especial, vim te convidar para participar do sorteio de aniversário de 1 ano do blog Masso Vita. Conto com sua participação!!! Vocè pode presentear alguém de sua estima.

Aqui o link do sorteio (http://www.massovita.com/2014/01/Sorteioaniversariodeumano.html)

Abraços e carinhos,
My
www.massovita.com

Fábio Murilo disse...

É mesmo Cidalia, estamos como que anestesiados. Já virou um fato corriqueiro esses nossos irmãos pelas calçadas, seres iguais a nos em tudo, que sentem frio, fome necessidade de carinho, atenção, amor. Estão ali inseridos na paisagem como as pedras do asfalto, a fumaça dos carros, os seres inanimados.

Fábio Murilo disse...

É isso ai disse tudo e mais um pouco, me deixou sem maiores comentários, perfeito Victor Costa! Obrigado pela participação.

Fábio Murilo disse...

Oi Myera, por aqui por essa bandas. Tá bem, tá dado o recado. Obrigado!

Laura Santos disse...

Os desafortunados da sorte são tratados por grande parte dos afortunados como seres de segunda classe, como empecilhos no caminho. Apenas números sem nome que a sociedade tenta esconder em guetos para que não firam o olhar dos outros, e nesse sentido, embora apenas por instantes, podem incomodar.
Vivem sempre no lado errado da cidade e muitas vezes no lado errado da vida. São os que nada têm a perder.
Gostei muito. Bem escrito, forte e sentido!
xx

Fábio Murilo disse...

Disse tudo Laura.

Anônimo disse...

Um poema que retrata muito bem a realidade. É isso !
A condição social do ser humano, ou melhor dizendo a injustiça social deste pais.
O grande dilema é... ficamos de mãos atadas perante as injustiças, já que os que poderiam melhorar tudo isso fecham os olhos. Ou melhor olham só pro seu próprio umbigo.

Beijos amigo Fábio !

Fernanda Oliveira

Tais Luso de Carvalho disse...

Pelas ruas, mãos humilhadas se estendem; nos tocam e suplicam. Já conhecem o que é desprezo, o que é fome, o que é sede, o que é martírio. Conhecem um lado da vida que nós não conhecemos.
Maravilhoso, Fábio! Adoro poemas sociais.
Beijo!

Fábio Murilo disse...

Pois é Tais Luso, o ser humano tem uma incrível capacidade de adaptação e de conformação. Dizem que é um mecanismo do cérebro para não enlouquecermos, pra justificar tudo. É muita pressão para tão pouco entendimento, a desafiar nossa lógica. Felizes são um índios em seus embriões de sociedade, vivendo com o básico, uma fruta , uma caça, tudo de graça, é só pegar, ninguém é dono de nada. Não há patrões, nem subalternos, tudo se chama índio e índia e o lugar onde moram tribo, tudo muito básico, sem concorrência, sem uns com muitos e outros sem nada, tudo de todos. Acordam e dormem cantado, felizes, em perfeita harmonia com o meio ambiente. E ainda chamados por nos,"os civilizados", de "selvagens".

Kassya Araújo disse...

Fábio, transcreves-te em palavras nobres o que um dia eu pensei, sempre penso nessa gente que julga não ser mas, "tão gente". há um numero crescente de pessoas que acham irrelevante a vida de alguém ("os desafortunados da sorte"), quando os que mais estão visíveis e bem visto na sociedade, não tem a mesma dignidade dos que estão impercebíveis.

Estou sem tempo p att o blogger e por n motivos, desapareci "/

Fábio Murilo disse...

Oi Kassya, bom comentário, muito tocante: "quando os que mais estão visíveis e bem visto na sociedade, não tem a mesma dignidade dos que estão impercebíveis". É isso ai menina, concordo contigo. Obrigado.

Samuel Balbinot disse...

Bom dia Fabio.. posso dizer pois já li em livros ocultos e alguns professores com clarividencia sabem disso.. que andarilhos, mendigos são seres de alta hierarquia espiritual.. nós humanos com nossas coisas é que estamos atrasados nesta busca abraços

Fábio Murilo disse...

Nada mais merecido, Balbinot. Obrigado.

Bandys disse...

é moço, e cada um faça a sua parte ne??
Vocês que fazem parte dessa massa, Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa, engrenagem Já sente a ferrugem, lhe comer.

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Beijo e noites felizes!

Fábio Murilo disse...

Olha!!! Até afinadinha! rs... Zé Ramalho. Gostei moça, adoro!

MARILENE disse...

Parece que já perderam tudo, mas ainda carregam o medo de perder a vida, muitas vezes tirada, não pelo infortúnio, mas por mãos de seres chamados humanos. Abraço.

Fábio Murilo disse...

Vai entender o que prende esses seres a presente existência. Talvez uma grande capacidade de adaptação do ser humano. Não sei... E nos que reclamamos tanto por tão pouco. Obrigado Marilene.

Helen Ferreira disse...

Bah, é essa tua sensibilidade que eu gosto. Fazendo dos rejeitados matéria poética.

Gyzelle Góes disse...

Esse homem de alimenta de sonhos que não se realizaram e sentem mais fome de esperança que de pão.

Gostei do seu escrito, rapaz.

Dani disse...

Nunca me esqueço da noite em que eu e um amigo paramos para ouvir um indigente, assim como o da foto, não se dava nada a ele, porém, ela havia sido policial militar, filho de uma professora aposentada...
Eles passam assim, despercebidos, mas têm muita história pra contar.

Fábio Murilo disse...

É isso ai Guria, sejamos nem que seja um murmurio dos marginalizados, que nossos escritos cumpra também sua função social. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

Que interessante seu comentário! Gostei imensamente, extremamente lucido. Obrigado Gyselle.

Fábio Murilo disse...

Pois é Dani, é a banalização da miséria. Como neste caso que citou já vi vários, hoje moradores de ruas. Com certeza é terrível qualquer mudança súbita de pedrão social adversa, quanto mais nessa proporções. Muito nobre menina, ouvir essas pessoas que sofrem, amam, tem dores, alegrias e dissabores, são gente enfim. Obrigado.

Laila Souza disse...

Seu poema é bastante tocante,os versos são compostos pela triste realidade.É tão triste saber que existem pessoas que (sobre) vivem assim,mais triste é não terem a atenção devida para os seus problemas,como você disse,são como indigentes.Embora,alguns optam por viver assim,aí é uma outra história.

Fábio Murilo disse...

Palavras muito lucidas, Fernanda. Gostei especialmente quando disse: "Ficamos de mãos atadas perante as injustiças, já que os que poderiam melhorar tudo isso fecham os olhos. Ou melhor olham só pro seu próprio umbigo". Sejamos a diferença. Beijos, amiga!

Fábio Murilo disse...

É incrível, Laila, mas é verdade. Imaginar que são gente como a gente que come , bebe, ri, chora, tem sentimentos... E estão ali , coisificadas. E o mais incrível, como falou, que o cumulo do cinismo, sempre há os aproveita(dores). Obrigado.

Anônimo disse...

Seu poema é a realidade da vida.
A pobreza,a miséria,e ninguém percebe,eles ficam na espera que isso aconteça. Infelizmente é muito triste!!
Beijinhos.

Fábio Murilo disse...

É mesmo, Nelma, estamos como que anestesiados de tão insensíveis. Beijos!

Vanessa M. disse...

Há tempos não vinha aqui.. Desejo para ti um feliz 2014 (um pouco atrasado, rs)

Seus versos, como sempre, tão reflexivos! Refletem uma realidade social..
A triste realidade de muitas pessoas.

Um abraço

Fábio Murilo disse...

Não tem problema, Vane, o importante é que veio. Feliz 2014 também, o ano está apenas começando. Obrigado pela visita.

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