sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Cotidiana Mente


O cotidiano, a rotina assusta, ofusca.
Mandam recados implícitos,
Lembrando da urgência de viver.
A palavra abafada, não dita por prudência,
O ato inibido por recato, intimidado,
Nosso corpo agredido em sua essência.
Mutilado, sufocado o grito,
Insatisfações tantas, restrições,
Avisos, etiquetas, convenções, intervenções,
Sinais vermelhos, anseios abortados, apelos,
Repetidos conselhos, chavões, advertências.
Regras e regras criadas pra nos convencer
Que o crime de viver não compensa.

Fábio Murilo, 15.10.2014

26 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Boa noite Fábio Murilo

...Este teu poema mais parece um grito de revolta! Gostei de ler.
A imagem fez-me lembrar as revolução dos cravos, em Portugal (25 de Abril)

Beijos
Bom fim de semana

Tenho poema novo, ok?

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Carol Russo S disse...

Por que a sua poesia é assim, sempre como uma charge qualquer? Quando eu penso que o clímax chegou, você o corta totalmente com finais tão bons quanto o resto todo do poema.
Fábio, é fato que viver se torna, em alguns momentos da vida, arduamente triste, afinal a rotina nos suga toda a expectativa do viver algo novo. É sufocante. Na verdade, não há o que complementar, teu poema foi o mais descritivo o possível. Concordo três vezes.

Ótimo poema, parabéns, como sempre.
Beijos e bom fim de semana.

Samuel Balbinot disse...

Boa tarde Fábio.. me pego em pensamentos assim praticamente sempre.. e deixo ou tento deixar em versos minha visão envolta em algumas revoltas.. busco entender a energia que se faz presente no ar.. o que sei que a mesma esta densa demais..
abraços poeta

Bandys disse...

É na alma que se absolve qualquer crime.
Belo texto.
beijos

Mente Hiperativa disse...

Concordo como comentario que o compara com um grito de revolta! Odeio rotina mais que tudo e faço o que posso para burlar. O tédio me corrói facilmente e preciso alimentar minha alma com o inusutado para que não padeça. Abraço

Tais Luso de Carvalho disse...

Pois é, Fábio, a pressa de viver, a ansiedade. E para chegar onde? Para fazer o quê? Diria que já não se vive mais como antigamente, onde dava um trabalho enorme para ir de um lugar ao outro. Agora temos tudo nas mãos, só não temos muito tempo...
Você e seus poemas reflexivos... Lindos! E dá o que pensar.
bjus.

Fábio Murilo disse...

É mesmo, amigo poeta. Vivemos dias difíceis. Abraços.

Fábio Murilo disse...

É, não foi intencional a revolta, mas é isso, ai. Revolução dos Cravos nunca tinha ouvido falar, é vi esse nome na foto, e dar pra ver-se uma bandeiras portuguesas no fundo. Obrigado, Cidália.

Fábio Murilo disse...

É fujo da rotina, embora seja inevitável nos livramos, tá no DNA dos dias. Obrigado, Carol, pela força de sempre.

Fábio Murilo disse...

Oi, distinta Rita Sperchi. Ótima citação, gostei. Abraços.

Teresa Brum disse...

Lindo!
Minha alma sempre teve pressa, mas apesar disso vou no sonhando e realizando no compasso do meu tempo.
Lindo e forte demais seu poetar cara amigo.
Que bom que você gostou do Blog, agradeço sua carinhosa visita, um abraço e fique com Deus.

Anônimo disse...

Engraçado isso que você disse. "O crime de viver não compensa". De fato, o conceito de viver anda muito deturpado nos dias de hoje. E qualquer um que se atreve a questionar é logo apedrejado.
É complicado tentar ser feliz quando os outros infelizes, ressentidos por não conseguirem alcançar a felicidade, ao invés de congratular quem consegue, querem mais é sufocar, por não suportarem a ideia de que ficaram pra trás.
Como é triste a mesquinhez humana...

Abraços (:

dillymonnete.blogspot.com

Fábio Murilo disse...

E como acontece, Marcos. Obrigado.

Fábio Murilo disse...

É, realmente Bandys, dai provem toda nossa essência. Nada muda se você não mudar. Obrigado, beijos!

Fábio Murilo disse...

Poxa, Senna, sou exatamente assim. A rotina é morte em vida. Abraço.

Fábio Murilo disse...

Pois é, você disse tudo Tais. Obrigado, beijos!

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Maria Tereza.

Fábio Murilo disse...

Disse tudo é mais alguma coisa, Dilly Monnete, comentário perfeito e muito lúcido, captou direitinho a mensagem do texto. Abraços.

serra de alencar, gabriela disse...

Tuas palavras, ditas sem prudência, transbordam. Poesia não tem regra. É a nossa fuga!

Helen Ferreira disse...

A vida e sua urbanidade!
Que poesias como esta nos salve de padecer nessa pressa corrosiva.

Fábio Murilo disse...

Falou pouco e bonito, Gabriela. É isso ai. Obrigado!

Fábio Murilo disse...

Isso meso, guria, apoiado! Obrigado!

Laura Santos disse...

O crime de viver deve ser mesmo o único que compensa, embora as teias do quotidiano nos enredem numa teia de demais que não presta e de menos que não chega.
Falar claro em poesia é um talento enorme, Fábio! Obrigada por isso.
xx

Fábio Murilo disse...

Oi, Laura! A quanto tempo! Pois é, não há espaço para sonhadores, pera visionarios, para essa gente que vê além, que busca um espaço do que lhes fora determinado, não há. A realidade tem lá os seus tentaculos. Obrigado!

Helena disse...

O crime de viver compensa sim, meu amigo! Apesar de todas as regras impostas querendo ensinar como nos comportarmos, como nos vestirmos, o que comermos, e como se não bastasse ainda temos que conviver, muitas vezes, com pessoas invejosas, mesquinhas, que não sabem viver a própria vida e ficam a se intrometer com nossas conquistas, nossas vitórias, incomodando com aqueles que produzem, que são úteis à sociedade e que vivem a vida sem se incomodar com a vida que os outros vivem. Bem disseste:
"Regras e regras criadas pra nos convencer
Que o crime de viver não compensa."
Mas somos teimosos e continuamos nossa vida tentando nos desfazer de tantos rótulos inúteis, das pessoas invejosas, e de tudo aquilo que só serve para nos colocar pra baixo. De cabeça erguida, amigo, lá vamos nós!
Que te cheguem sorrisos para espantar as coisas ruins que porventura possa acontecer, e que as estrelas que brilham no teu olhar possam iluminar as horas dos teus dias e te fazer muito feliz!
Com carinho,
Helena

Fábio Murilo disse...

Acom certeza, Helena. Viver tudo que é possivel, cada metro quadrado, cada cetrimetro. Como diz Clarisse Linspector: "Viver Ultrapassa Qualquer Entendimento". Obrigado.

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